Por volta das dez e vinte da manhã, Maraisa Pereira entrava na sala de reunião da Pereira Company. Os que ali estavam, tinham em sua face a expressão de quem via uma alucinação.A elegante mulher, trajava um vestido tubinho de manga longa na cor vermelha acompanhado de um espartilho, na mesma tonalidade, que envolvia a sua cintura. Dona de um andar confiante, esse que se tornava mais marcante acompanhado de um luxuoso par, dourado, de Christian Louboutin e que não passou despercebido por certos olhos claros, caminhou até a ponta da mesa principal.
— Por que estão com essas caras? — Dirigiu o olhar para a irmã. — Você não os avisou sobre a nossa reunião?
Maiara ainda olhava para Maraisa um tanto absorta. De certo que aquela mulher diante de seus olhos, pouco se parecia com mesma de quase um ano e meio atrás, quando deixou os Estados Unidos. Maraisa se foi um tanto quebrada e voltou tão segura de si. Apesar de tudo, ela ficou contente pela volta da irmã. Após passar o transe a ruiva se pronunciou:
— Maraisa, o que faz aqui? Eu a esperava naquela tela. — Apontou para o telão à sua frente. — De repente, você entra pela porta sem mais nem menos. O que está acontecendo? Por que veio sem me avisar? É sério, eu não sei lidar com essas suas atitudes. — Maiara fazia perguntas desenfreadas, externando seu nervosismo.
— Pare de drama, Maiara. Marquei a reunião para hoje e em nenhum momento explanei de que forma ocorreria, ou falei? — Maraisa indagou, recebendo o olhar pensativo da ruiva.
— Não, mas você poderia...
— Poderia, mas eu preferi fazer surpresa. No mais, o assunto que me trouxe aqui, não poderia ser tratado por uma conferência online. — Maraisa a interrompeu, não queria e nem se explicaria para Maiara naquele momento, muito menos rodeada de olhares curiosos. — Agora se mexa e venha dar um abraço na sua irmã, ou acha que não mereço? — As duas sorriem. Maiara vai ao encontro da irmã e a envolve em um saudoso abraço.
— Eu senti tanto a sua falta, Maraisa. — A ruiva confidenciou durante aquele momento só delas.
— Eu também senti a sua, Maiara. — Maraisa retribui, se desfazendo do contato. Estava um tanto constrangida com os olhares observadores dos demais ocupantes do ambiente. — Bem, será que podemos começar?
— Podemos! Mas, antes eu preciso apresentá-la a alguém. Espere... — A ruiva rodeou a mesa. Foi ao lugar onde Marilia estava sentada, em um gentil ato estendeu sua mão à loira que, de imediato, a correspondeu.
— Maraisa, conheça Marilia Mendonça, o novo talento da Pareira. Marilia essa é Maraisa Pereira, minha irmã e dona da metade disso aqui. — Maraisa analisou a outra de cima a baixo, observando cada traço da loira à sua frente.
Sem saber o motivo, a loira sentiu-se nervosa com aquele encontro. Ali, diante de Maraisa Pereira, um arrepio tomou-lhe a espinha, no exato momento em que seus olhos se encontraram.
Marilia mirava aqueles castanhos pela primeira vez. E pela primeira vez tem a sensação do que é ser submersa e envolvida pelo simples ato de um olhar. Os olhos de Maraisa pareciam uma espécie de chamariz. A loira via tanto e ao mesmo tempo coisas indecifráveis que a instigaram a tentar saber mais sobre aquela mulher.
Já Maraisa, não conseguiu desviar sua atenção das esverdeadas esmeraldas, por mais que quisesse, a forma nada discreta como Marilia Mendonça a encarava lhe prendeu. Jeito de quem poderia ver sua alma, ou talvez enxergar o que ela tanto lutou para esquecer?
O que não se discutia era que ambas estavam estagnadas se encarando, sem expressar reação alguma que não fosse seus olhares. O encantamento à primeira vista que nem elas mesmas haviam se dado conta que acabara de acontecer.
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Quando Você Me Olha nos Olhos
FanfictionA dor sentida não pode ser mudada, mas a forma como externar esse sentir, essa se pode decidir. Tais decisões designam o futuro, porém, é bom lembrar : toda decisão vem com uma consequência, seja boa ou não. Maraisa Pereira, engenheira Civil e dona...