– Gustavo? – Maiara se pronunciou no intuito de quebrar o clima tenso que se instalou. – Pensei que estivesse viajando. – Fala tranquila, repousando uma das mãos na cintura de Luísa.
– Eu estava, porém, tive que voltar para uma emergência que ocorreu na empresa. – Gustavo explica, observando minuciosamente cada feição das mulheres diante dele.
– Algo para se preocupar? – Maiara o questionou, franzindo o cenho.
– Oh, não! Eu só precisava assinar uns papéis, coisa rotineira. – Gustavo responde.
– Poderia ter me avisado que viria, Gustavo. – Sonza diz, finalmente encarando Gustavo. – Eu poderia tê-lo recebido de maneira adequada.
– Eu queria fazer surpresa, conversar um pouco... – Mioto oscila o olhar entre Luísa e Maiara. – Mas parece que não cheguei em boa hora, desculpe se interrompi algo. Nos falamos outra hora, Luísa. – Gustavo balança a cabeça de forma positiva, virando-se de costas.
– Gustavo, espere! – Luís o interrompe. – Por favor, fique! Talvez você tenha vindo numa boa hora. – Sonza diz, recebendo um aceno afirmativo do primo. Luísa vira-se para Maiara – Nos falamos mais tarde?
– Não acha melhor que eu fique também? – Maiara perguntou, preocupada.
– Acho que eu preciso fazer isso só. – Sonza responde, esboçando um meio sorriso.
– Tem certeza? – Maiara insiste e Luísa afirma positivamente com a cabeça – Está bem, como você quiser. Ficarei esperando sua ligação. – Maiara sorri de lado – Até mais, amor. – Maiara sussurrou de forma carinhosa, antes de dar rápido beijo nos lábios da escritora.
– Vá com cuidado, querida! – Luísa sorri sem graça, sabendo que as duas estavam sendo observadas por Gustavo.
– Até mais, Gustavo! – Maiara se despede de forma tranquila. – Espero que consiga resolver tudo.
– Obrigada, Maiara! – Mioto acena com a mão. – Nos vemos!
Uma última olhada cúmplice para a escritora, mesmo achando que deveria ficar, Maiara entra em seu carro e segue para casa. A ruiva sabia que Gustavo não seria capaz de destilar palavras torpes para Luísa, mas no fundo tinha receio que a reação de Mioto fizesse as coisas entre ela e Sonza mudarem.
O caminho até apartamento da escritora, foi tomado pelo silêncio absoluto. Luísa não ousou dizer nada; Gustavo, muito menos. A escritora ensaiava em sua mente a forma de como conversar com o primo sobre seus sentimentos para com Maiara. Embora ela e Maiara nada estivessem fazendo de errado, sentia a necessidade de ter essa conversa com Gustavo; pela amizade, pela consideração que tinha com ele, que sempre se mostrou tão amigo, tão solícito com ela, ainda mais em seu processo de sua mudança para Nova York.
Nesse momento, Luísa e Gustavo encontravam-se sentados no sofá da sala da escritora – um de frente para o outro –, a quietação permaneceu por alguns segundos mais; parecia que um esperava que o outro a rompesse. Mesmo sentindo que estava invadindo um espaço que não lhe dizia respeito, Gustavo não se conteve e quebrou o tortuoso silêncio.
– Então, é isso mesmo? – Gustavo encara a prima. – Você e Maiara estão juntas?
– Gustavo, eu... – Sonza respira fundo, ainda constrangida pelo flagra. – Bem, sim, nós estamos nos conhecendo melhor.
– Digamos que estou surpreso com essa situação. – Gustavo diz, com ar confuso. – Eu não imaginei que Maiara...
– Gustavo, me ouça, por favor! – Sonza pede, apreensiva – Isso tudo foi confuso pra mim, para Maiara, eu... – Respira fundo – Eu não planejei nada disso, eu não queria me apaixonar por ela. – Luísa desvia o olhar para o chão – Ainda mais depois de saber que ela foi sua namorada, que vocês tiveram uma história e que você ainda a amava. – Luísa volta a encarar Gustavo, que estava atento a cada palavra que saia de seus lábios. – Mas quando eu vi, eu já nutria sentimentos maiores que amizade por Maiara, e por mais que eu tentasse desviar, por mais que eu buscasse outro caminho, todos os atalhos me levavam para Maiara Pereira. Eu devia ter sido sincera com você, deveria ter contado sobre o que estava sentindo, mas, por mais que isso não me sirva de justificativa, eu ainda me sentia confusa para falar sobre isso com quem quer que fosse. – Sonza confessou, o nervosismo em suas palavras era nítido.
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Quando Você Me Olha nos Olhos
FanfictionA dor sentida não pode ser mudada, mas a forma como externar esse sentir, essa se pode decidir. Tais decisões designam o futuro, porém, é bom lembrar : toda decisão vem com uma consequência, seja boa ou não. Maraisa Pereira, engenheira Civil e dona...