Encontrar a paz.

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Marilia percorria os corredores daquele hospital com o coração ao ponto de sair pela boca, suas mãos suavam frio, o medo e o nervosismo, decorrente das palavras incertas que ouvira de Maiara, transbordavam por cada poro de sua pálida pele. Ao receber o telefonema da cunhada, que pelo choro compulsivo denunciava que algo muito grave acontecera, levando em conta que a ruiva só conseguiu dizer frases vagas, e que o entendimento de Marilia só absorveu que ela estava em um hospital com Almira e Maraisa, Mendonça foi acometida pelo desespero. Precisou ser amparada por Luiza; essa, não deixou a amiga sair sozinha no estado de nervos em que se encontrava. Em todo o percurso, o coração de Marilia se apertava, só em pensar que algo poderia ter acontecido com Maraisa. Lembrou-se do quanto a morena hesitou em ir ao encontro de Almira, e nesse momento, sentiu-se culpada por não a ter apoiado.

Após serem informadas de que Maiara se encontrava na sala de espera, Marilia e Luiza seguiram imediatamente para o local. A mente da loira vagava por milhões de pensamentos, enquanto percorria os corredores que exalavam tristeza; eles pareciam intermináveis, mas na verdade, eles apenas eram maiores que sua impaciência.

Marilia congelou quando sua visão alcançou Luísa e Maiara abraçadas e a ruiva acometida por um choro exasperado, seus ritmos cardíacos acelerados como nunca antes tinha sentido, Luiza segurou sua mão, em sinal de conforto e sem nada dizer, as duas seguiram caminho. Com passos lentos, como quem sente o medo da verdade e com as constantes lágrimas que contornavam o seu rosto como companheira, Marilia se aproximou de Maiara.

– Maiara – Marilia balbucia com a voz embargada. A ruiva se desprende da namorada e sem dizer uma palavra se joga nos braços da cunhada.

– Foi horrível, Marilia. – Maiara sussurra, elas ficam naquele momento por alguns segundos, até a ruiva quebrar o silêncio. – Foi tudo muito rápido – Maiara disse, recuperando o fôlego, soltando-se de Marilia para olhá-la no rosto. – Huff atirou, não deu tempo de... – Maiara falava frases incompletas devido ao seu estado emocional completamente abalado ao relembrar do que passara.

– Meus Deus! – Luiza levou sua mão à boca. – Que horror!

– Maiara, pelo amor de Deus, me diga o que aconteceu. – Marilia suplicava, tão nervosa quanto a cunhada. – Me diga como, e onde está Maraisa?

– Marilia tente se acalmar. Olha os médicos estão com elas... – Luísa tentou argumentar, mas a loira não deixa a escritora terminar de falar.

– Eu não posso me acalmar, Luísa. Não enquanto eu não souber como está a minha namor... – Marilia diz em um estado tão desolado quanto o de Maiara,não conseguiam cessar as lágrimas.

– Eu estou aqui, Marilia. – A voz de Maraisa, sufocada pelo pranto, ecoa atrás de Marilia e faz a loira virar-se abruptamente para constatar que seus ouvidos não a enganaram.

Era ela, sua Maraisa, acompanhada de uma enfermeira que a conduzia pelo braço, constatou algumas manchas de sangue em sua camisa, mas não havia indícios de ferimentos. Marilia foi tomada de uma emoção sobrenatural, no momento que seus olhos verdes encontraram os castanhos da namorada. A loira sussurrou o nome da namorada, e sem perder tempo, correu em sua direção; sua ação foi rápida e em segundos, seus braços envolviam Maraisa em um abraço que externava todas as emoções sentidas; era um abraço de alívio, de conforto, todo tormento causado pelo medo do que poderia ter acontecido, se esvaiu de seu coração, e foi imediatamente substituído pelo abrandamento da certeza de que Maraisa, pelo menos fisicamente, estava bem.

– Meu amor – Marilia sussurrava enquanto tinha Maraisa recostada em seu peito, envolta por seus braços – Eu tive tanto medo de... – Marilia não conseguiu completar a frase, sua voz foi cortada pela emoção daquele momento – Graças a Deus, você está intacta.

Quando Você Me Olha nos OlhosOnde histórias criam vida. Descubra agora