Fogos de artifícios, o descompasso das batidas do coração; a conotação tão clichê, "me sinto flutuando", nunca foi tão cabível em um momento como pareceu ser no instante em que Maiara tocou seus lábios nos de Luísa. A escritora enlaçou os braços no pescoço de Maiara – precisando ficar na ponta dos pés –, logo após a ruiva deslizar as mãos de seu rosto para seus braços e, em seguida, a puxou pela cintura, anulando qualquer distância entre elas. Sentir os cabelos da ruiva entre seus dedos, o roçar dos lábios, algo delicado e ao mesmo tempo tão intenso, poderia se comparar à beleza de uma poesia. O tempo parou, parecia só existir elas e aquele momento; o momento em que seus lábios se entreabriram, dando início a deliciosa dinâmica de suas línguas se saboreando pela primeira vez.
Elas se buscaram e encontraram a tão desejada e perfeita sincronia. Inebriante, envolvente, doce; aquele composto de emoções invadiu a ruiva de uma maneira nunca antes experimentada. Assim como um soneto que precisa de seus versos para se compor, Maiara sentiu seu mundo se perfazer com a imensidão que aquele beijo carregava. Não sabiam para que caminho aquilo iria as levar, porém, ambas sentiam que estavam no lugar certo: uma nos braços da outra. Maiara envolve mais a cintura da escritora, quase a tirando do chão, Luisa, por sua vez, aperta mais seus braços ao redor do pescoço da ruiva, prolongando aquele momento o máximo que puderam, separando apenas quando o ar foi imprescindível.
– Macios, aveludados! – Maiara suspira, ao cessarem o beijo e encostar a testa na de Sonza, tocando os lábios da escritora com o polegar. Suas palavras eram uma alusão a um trecho do livro da escritora.
– Maiara, isso foi... – Luisa suspira, ainda trêmula, tenta normalizar a respiração.
– Shiu. Não, não diga que foi errado, ou algo assim. – Maiara cala os lábios de Luísa com seus dedos. – Eu não vou me desculpar por esse beijo, visto que eu não me arrependo de nada. – Sussurra.– Eu quis isso, Lu, tanto quanto senti que você queria.
– Eu quis, Maiara, e há muito eu queria..., porém, eu tinha receio por nossa amizade. – Respira, separando suas testas para encarar a ruiva – Por Gustavo.
– Não vamos pensar em nada que possa atrapalhar esse momento. Só vamos apreciar uma à outra. – Maiara esboça um sorriso.
– É tudo que eu desejo nesse momento. Mas, o que eu ia dizer, quando a senhorita me interrompeu, é que foi o melhor beijo da minha vida. – Luísa diz, corando a face, abrindo um lindo sorriso.
– Hum! Eu preciso confessar uma coisa, menina do livro. – A ruiva pontua, em tom sério – Eu nunca tinha beijado uma garota. Mas, se eu soubesse que te beijar era tão bom assim, eu teria feito antes. – Sorri arrancando uma gargalhada da outra.
– Maiara Pereira, você é incrivelmente encantadora! – Luísa indaga, meneando a cabeça negativamente. Acaricia o rosto da ruiva, antes de tomar a iniciativa e beijá-la. Dessa vez, de forma mais intensa.
***
Maraisa estava sentada na mesa, encarava o prato, que nem ao menos tocara. Seu apetite se fora, tentou, mas acabou desistindo da refeição. Pegando sua taça de vinho e dirigindo-se ao sofá, onde permitiu refestelar o corpo, mas não sem antes deixar um sorriso escapar de seus lábios ao relembrar que algumas semanas ela e Marilia se amaram, de forma tão intensa, naquele mesmo móvel. Depois de dar mais um gole em sua bebida, pegou o celular sobre a mesinha de centro, verificando algumas mensagens e respondendo as mais importantes. Entretida, nem se deu conta de Almira chegando.
– Maraisa? – Almira a chama, sem sucesso. – Maraisa? – Faz uma nova tentativa, dessa vez, em tom mais alto, atraindo a atenção da filha.
– Eu? – Maraisa sai do transe, se arrumando no sofá. – O que aconteceu?
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Quando Você Me Olha nos Olhos
FanfictionA dor sentida não pode ser mudada, mas a forma como externar esse sentir, essa se pode decidir. Tais decisões designam o futuro, porém, é bom lembrar : toda decisão vem com uma consequência, seja boa ou não. Maraisa Pereira, engenheira Civil e dona...