O que eu fiz?

264 45 19
                                    

A aniversariante da semana sou eu, mas quem ganha dois capítulos seguidos são vocês. Boa leitura, gatinhas! 💖

—————————

– Desculpe se a humilde acomodação não está à sua altura, majestade. – Murilo diz, ao encostar a porta de seu flat e perceber o olhar de desdém de Almira para o ambiente.

– Digamos que bom gosto não é seu forte. Ainda bem que isso é um defeito seu, pois seu pai tinha um ótimo gosto. E era um excelente homem de negócios quando o conheci. – Almira sorri, sarcástica. – Pena que os filhos não herdaram a mesma competência. Você e seu irmão... uma lastima. Em pouco tempo ruíram o patrimônio dos Jones depois que ele se foi.

– Meu pai não era tão excelente assim, Almira. – Fala com certo desprezo, dirigindo-se até o pequeno bar e servindo-se de uma bebida – Bebe algo? – Pergunta para a mulher, que acena negativamente – Sabe, eu ainda não sei se devo lhe agradecer ou me amaldiçoar por esse acordo que fizemos. – O homem diz, incomodado ao relembrar do pai.

– Ora, Huff, não vai me dizer que gostaria de ter passado umas férias na cadeia? Não se esqueça que é graças a mim você pôde respirar o ar da liberdade. E não fiz isso por você e sim pela longa amizade que tive com seu pai. – Rebate.

– Como poderia esquecer? Se o preço que tive que pagar foi ser seu fantoche, Almira Pereira. – Franze o cenho, bufando.

– Não seja exagerado, não é tão ruim! Te livrei da cadeia e das tantas confusões que arrumava em Londres. Arrumei um emprego na minha empresa, sem levantar suspeita de nossa ligação. E ainda evitei que seu pai tivesse uma grande decepção em seus últimos dias de vida. E tudo que pedi em troca, foi que me fosse meus olhos dentro da empresa.

– Não precisa jogar isso na minha cara toda vez que me ver, Almira. Só quero saber quando isso vai acabar. – Diz, furioso. Almira se aproxima do homem.

– Isso eu decido, querido. – O encara com um sorriso ostensivo. – Eu mando e você obedece. Agora vamos ao que importa, já perdi tempo demais com suas lamentações de menino mimado. Preciso tirar Marilia Mendonça de uma vez por todas da vida de Maraisa, e você vai me ajudar. – Finaliza, pegando a bebida da mão de Huff e dando um gole.

– Eu já tentei acabar com o romance da sua filha com Marilia. Até porque eu sou doido para ter aquela loira na minha cama. – Sorri, cínico – Mas aquelas duas não se desgrudam, não se abalam. O que mais você quer que eu faça? Que agarre Marilia na frente de Maraisa para provocar uma crise de ciúmes?

– Você é um idiota, Huff! Acha mesmo que vai conseguir destruir o relacionamento de Maraisa com a Srta. Mendonça pensando com seus testículos? – Almira diz, irônica. – Maraisa está perdidamente apaixonada e confia nela. Em quem acha que Maraisa acreditaria se você fizer algo do tipo? Minha filha é esperta demais para cair em uma armação tão clichê quanto essa.

– E o que a perspicaz Sra. Pereira sugere. – Murilo questiona, debochado.

– Aprenda uma coisa Murilo Huff. – Almira encara o homem. – Tudo na vida tem um preço, e o preço do amor é que ele nos deixa fracos e vulneráveis. E é dessa vulnerabilidade da minha filha que irei fazer uso para tirar a órfã insolente do meu e do caminho de Maraisa. – Expressa, maquiavélica.

***

Maraisa preparava sanduíches para ela e para Marilia, enquanto observava a loira colocar os pratos e copos sobre a bancada da cozinha. A morena sorria ao fitar cada movimento de sua namorada, que trajava – assim como ela – apenas o roupão que colocaram após saírem de um longo banho. Maraisa sentia o coração se aquecer com esses pequenos, porém, tão significativos momentos compartilhados com Emma. A loira fazia cada instante, por menor que fosse, se tornar especial. Não era como se Marilia a completasse, era mais que isso, Marilia Mendonça a fazia derramar– se de todos os sentimentos bons, aqueles que Maraisa jamais imaginou possuir.

Quando Você Me Olha nos OlhosOnde histórias criam vida. Descubra agora