Me perdoe

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[Maraisa POV]

Desordem, essa era a palavra que me definia quando Maiara retirou-se da sala de reuniões me deixando sozinha. Aquele foi o momento  eu voltei a mim e encarei a realidade, que tinha caído como uma viga de concreto na minha cabeça. Mesmo que fosse duro de admitir, minha irmã estava certa; me descontrolei, não dei oportunidade de Marilia falar, eu fui uma idiota. 

A julguei de forma precipitada por ser acometida de suposições criadas por mim. Sim, esse foi o meu grande erro, ainda mais ter citado algo tão pessoal como a família de Marilia. Vi um lado dela que eu não conhecia, vi dor em seus olhos, a princípio não consegui assimilar os fatos pelo calor do momento, mas quando Luiza jogou a verdade, entendi sua reação. Então, se abateu sobre mim o peso na consciência. Fui injusta com Marilia, por mais que isso fosse difícil para mim, o certo a se fazer, seria me desculpar com ela.

Fiquei por alguns momentos mais colocando, sem muito sucesso, meus pensamentos em ordem, saí daquela sala e fui direto para a sala de Marilia, antes que a coragem se esvaísse.

Ao chegar na porta de Marilia, que se encontrava com uma pequena fresta, percebi que  ela conversava com Luiza, desisti. Quando estava prestes a retornar para minha sala, ouvi o nome de Huff ser citado. Sei que não deveria, mas foi mais forte que eu, eu permaneci imóvel. Quando Marilia contou com detalhes  o que realmente havia acontecido entre ela e Jones  estacionamento, levei minha mão à boca, senti estomago embrulhar, ao mesmo tempo, uma fúria me queimou por dentro. Odiei Murilo Huff naquele momento por ter forçado a situação com Marilia, porém, eu estava me odiando mais por tê-la magoado.

Saí dali de imediato, pois, eu já tinha ouvido o suficiente para me sentir pior do que estava. Entrei no banheiro mais próximo, lavei o rosto, ficando parada por alguns minutos encarando-me no espelho. Tentei encontrar o motivo para minha forma descabida e extremamente estúpida de me comportar com Mendonça. Eu não tia uma explicação cabível para o meu comportamento. Inspirei e expirei, e saí decidida a falar com ela, independente da presença de Luiza ou não.

Quando cheguei na porta da sala de Marilia novamente, que se encontrada metade aberta, percebi que agora ela estava só, a cruzei receosa, mas sem intenção de desistir.

Mendonça estava sentada em sua cadeira com a cabeça recostada e os olhos fechados, não havia notado minha presença. Ela parecia um anjo.  Pude fitar quando uma lágrima escorreu por seu rosto angelical. Ver Marilia daquela maneira me apertou o peito, mais ainda por saber que eu era a causadora, fato que constatei quando aquela loira, tão linda e abusada diante de mim, soltou de maneira triste e decepcionada:

— Maraisa Pereira, você é uma idiota!

— Talvez eu seja, senhorita Mendonça. — Me manifestei e Marilia abriu os olhos, surpreendendo-se com a minha presença.

— O que faz aqui, senhorita Pereira? — Tratou-me maneira fria e formal ao passo que se levantou. Eu poderia julgá-la? De maneira alguma. Eu mesma havia feito isso com ela minutos atrás. 

— Marilia, eu... — Tentei começar, mas ela interrompeu.

— Se veio para mais discussão eu peço, por favor, que se retire. Não quero e nem tenho paciência para ouvir mais grosserias e acusações sem sentido...

— Eu sinto muito, Marilia — Falei de uma vez, na tentativa de fazer com que me escutasse. Ela parou me encarando.

— Como é? Acha que pode falar tudo o que falou e depois vir aqui dizer que sente muito e tudo, Maraisa?

— Marilia, será que pode me escutar? Por favor, só me dê alguns minutos. — Observei pela feição dela que ponderava se seria uma boa ideia. Sua chateação era clara.

Quando Você Me Olha nos OlhosOnde histórias criam vida. Descubra agora