Eu preciso vê-la.

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Nova York, Nova York

Por mais que dissesse para si que não pensaria mais em Maraisa Pereira — como se isso fosse possível —, lá estava a loira, invadida por pensamentos relacionados à bela morena de olhos castanhos. 

Marilia remoía a última conversa que tivera com Maraisa em sua sala. As ácidas palavras da mulher lhe feriam a alma cada vez que a loira retornava para aquele dia. Depois do ocorrido, prometeu não insistir mais com a senhorita Pereira. Pensava no quão, aquela Maraisa que dormiu em seus braços, que aceitou suas caricias, que se deixou beijar e que a beijou de volta de uma maneira totalmente envolvente, era diferente daquela que lhe disse de maneira tão enfática que jamais a corresponderia.

A mente de Marilia estava uma bagunça. Ela tinha certeza de seus sentimentos por Maraisa? Sim! Mas, o que fazer em relação a eles? Realmente Mendonça estava em um dilema: se por um lado, estava decidida a não persistir e tirar de vez Maraisa da cabeça, por outro, algo lhe dizia para não desistir e tentar entender o passava com a morena. E era tudo que Mendonça desejava: Não desistir. Estar com Maraisa novamente e repetir, até ela se convencesse de que o que viveram não foi uma loucura. 

Nesse misto de sentimentos, Marilia estava deitada no sofá de sua sala, abrindo e fechando a foto do perfil na janela do contato de mensagem de Maraisa. A vontade de ouvir a voz da morena, de lhe mandar uma mensagem, lutava em demasia com o receio de, outra vez, ser rejeitada. Mendonça sabia que não tinha o direito de cobrar nada, afinal Maraisa não lhe prometera coisa alguma. Mas, no fundo, depois dos agradáveis momentos compartilhados, ela esperava mais. E quem poderia julgá-la quanto a isso, se o desejo de todo apaixonado é ser correspondido?

Ponderando os dois lados da moeda, perdida em um mar de questionamentos, sentiu o celular vibrar em sua mão, mostrando um contato muito conhecido.

—  O que você quer, Luiza? — Atendeu, sem animação.

— Nossa, Mendonça! — Reclamou, indignada, do outro lado da linha — Não é assim que se trata a sua BFF.

— Luiza, com uma BFF como você, eu não preciso de inimigo. — Respondeu, sarcástica. Mendonça ainda se mostrava chateada pelo que Luiza havia aprontado com ela e Maraisa, embora estivesse mais agradecida do que irritada. — Mas, me diga:  a que devo a honra da sua ligação? Seu carro quebrou? Se for isso, chame o seguro. Porque eu não caio mais em seus truques.

— Hoje você está azeda, esqueceu de colocar açúcar e canela no seu chocolatinho bebê? — Luiza brincou, não levaria a sério as provocações da amiga. — Vamos, Marilia relaxe um pouco!

— Estou relaxada, totalmente largada no meu sofá, buscando algo interessante para ver na TV. Mas alguém teve a brilhante ideia de me interromper.

— Hoje é sábado, Marilia. Você não pode ficar em casa em pleno fim de semana curtindo a fossa. Você tem uma hora para ficar um arraso, então, Marcela e eu passaremos para te pegar. Prepare-se, pois, vamos aproveitar a noite de Nova York.

— Não, não mesmo, Luiza! — Marilia tentaria argumentar, não estava no clima para festas. — Eu não sou uma boa companhia hoje. E eu não tenho vontade de sair de casa.

— Loira, você não tem a opção de negar o convite. Se você não quiser que eu passe a noite inteira na portaria do seu prédio, você vai levantar sua bunda branca desse sofá, tomar um banho e colocar uma roupa, o estilo que preferir: comportada, botina, lady, caminhoneira. Como você vai desfilar sua sapatonice na avenida, não me importa, só esteja pronta quando chegarmos aí, Marilia. —  Assim que passou tais instruções para a amiga, Luiza terminou a chamada, sem esperar respostas. 

Quando Você Me Olha nos OlhosOnde histórias criam vida. Descubra agora