A Impulsividade é caracterizada por atitudes impensadas. Evidente quando se diz o que vem à mente, sem pensar nas consequências futuras. O resultado final, ao tomar tais decisões, é o arrependimento posterior. E arrependimento imensurável, era o sentimento que preenchia a mulher ruiva, refestelada naquela poltrona, acompanhada de seus belos olhos marejados e a mente martirizada pela culpa.
– Como pude ser tão idiota? Por que tenho que agir assim? – Maiara se atormentava, meneando negativamente a cabeça. – Ele nunca vai me perdoar! Eu não me perdoaria.
– Não se puna, Maiara. As coisas já aconteceram. Você errou, mas admitiu. Agora só falta decidir o que fazer em relação a isso. – Maraisa diz, segurando a mão da irmã.
– Você não sabe como eu o tratei, Maraisa. As coisas horríveis que falei pra Gustavo. Meu Deus, eu fui tão insensível! – Pontua.
– Como sempre impulsiva! – Almira ralha. – Não sei o que fez, mas posso imaginar. O mínimo que deve fazer agora, Maiara é se desculpar com o pobre homem e, claro, comigo. – Indaga, sentando-se no sofá.
– Com você? – Maiara diz de sobressalto.
– Certamente, só por imaginarem que eu seria capaz de algo tão infame. Como ousaram? Eu sou a mãe de vocês! – Seu tom é exasperado.
– Mamãe, não é hora para repreensões! – Maraisa fala, encarando a mãe, indignada.
– Isso tudo aconteceu por culpa sua mamãe. – Maiara não se intimida. – Se me inspirasse segurança, eu não seria um ser dotado de desconfiança em relação às suas intenções. – Joga na cara da mãe.
– Não seja infantil, Maiara. – Revira os olhos. – Você não é mais uma criança, arque com as consequências de seus atos.
– Mamãe, por favor! Não vê que só piora as coisas com essa sua hostilidade? – Maraisa repreende a mãe. – O quarto de hóspedes está à sua disposição. Melhor ir se acomodar. – Faz um sinal com a mão, indicando o corredor. – Já conhece o caminho.
– Espero que resolva isso da maneira certa, Maiara. As decepções e escândalos já foram o suficiente, não acham? – Oscila o olhar entre as filhas, pega sua mala e segue para o corredor rumo aos quartos.
– Ela não perde a chance de me espezinhar. – Maiara resmunga.
– Não dê tanta atenção para o que nossa mãe diz, Mai. – Maraisa aconselha. – Você sabe o que fazer agora, não sabe? – Questiona.
– Sei sim, metade! – Respira fundo. – Em uma coisa nossa mãe tem razão: é o mínimo que devo fazer.
***
Luísa saiu de seu quarto com uma caixa mediana, contendo alguns pertences que levaria para seu novo apartamento. Se surpreendeu ao encontrar Gustavo sentado no sofá, com uma xícara de café na mão. Na noite anterior, após conversarem por algum tempo e o homem explicar sua versão e ela se retirar para seu quarto, o homem havia ficado ali, nesse mesmo lugar. Pensaria que Gustavo passara a noite naquele sofá, se as roupas visivelmente trocadas, não denunciassem o contrário. Estava sensibilizada pelo primo. Afinal, viu o quão arrasado ele ficou com as palavras lançadas por Maiara. A escritora acreditava piamente em Gustavo, ligou alguns pontos e deduziu que tudo não passara de uma grande confusão. Colocou a caixa sobre a mesa de centro e sentou-se ao lado de Gustavo.
– Como se sente, hoje? – Perguntou. – Você parece não ter dormido.
– Não dormi, fiquei refletindo a noite inteira. Por mais que tente, não consigo entender como Maiara pôde pensar que eu faria algo tão repugnante. – Pontua.
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Quando Você Me Olha nos Olhos
FanfictionA dor sentida não pode ser mudada, mas a forma como externar esse sentir, essa se pode decidir. Tais decisões designam o futuro, porém, é bom lembrar : toda decisão vem com uma consequência, seja boa ou não. Maraisa Pereira, engenheira Civil e dona...