– Mamãe? – Maraisa e Maiara disseram em uníssono, com um semblante assustado.
– Surpresa! – Almira, já de pé, as olhava, com um sorriso indecifrável; um misto de felicidade e ironia. – Não vão dar um abraço na mãe de vocês? – Maraisa dá alguns passos na direção da mulher, deposita sua bolsa sobre a mesa e observa, mais uma vez, a figura da Pereira mais velha. Almira se aproxima da morena e lhe envolve em um abraço.
– Como... – Gagueja – O que faz aqui, mãe? – Maraisa questiona, após se desvencilhar do gesto.
Almira ignora a pergunta da filha mais nova, caminha até Maiara, que ainda não havia se movido do lugar. – Que cara é essa, Maiara? Parece que viu um fantasma.
– É que estou realmente surpresa, mãe. – responde com um sorriso, saindo do transe.
– Eu também estava com saudade, minha querida! – Ironiza, em seguida abraça a ruiva.
– Não respondeu a minha pergunta, mamãe: por que está aqui? Quando chegou? – Maraisa insiste.
– Cheguei essa madrugada. – Revela. – O que há com vocês duas? – Oscila o olhar entre Maiara e Maraisa. – Nem parecem felizes por me verem. – Indaga.
– Bem, depois de anos morando fora, apenas com esporádicas ligações, não deveria se surpreender com a reação que tivemos, mamãe. De todas as pessoas que poderíamos encontrar nessa sala, você seria a última que passaria pela minha cabeça. – Maiara demonstra certo ressentimento em sua fala.
– Não me julguem mal por querer passar tempo com minhas duas filhas. – Almira volta a se sentar na cadeira de Maraisa.
– Quer dizer que veio para ficar? – Maiara a questiona, depois fita Maraisa, que imediatamente franze o cenho.
– Pelo menos por um bom tempo. – A matriarca informa.
– O que está acontecendo mamãe? – A morena cruza os braços. – Quando eu saí de Londres, você abominava a ideia de voltar para Nova York. Por que, tão drasticamente, mudou de ideia?
– Simplesmente por perceber o estrago que a minha ausência causou na vida de vocês, nesse tempo que estive fora. – Diz incisiva.
– Seja mais clara, mamãe. – Maiara pede, confusa.
– Serei, minha querida! – Encara as filhas, que estão sentadas à sua frente. – Espero que tenham tempo, pois, precisamos conversar.
– Na verdade, temos uma reunião. Aliás, já estamos atrasadas. – Maraisa olha em seu relógio de pulso, confirmando o avanço das horas.
– Cancele, ou simplesmente trate de adiá-la. – Almira rebate. – Acabei de chegar, e quero atenção das duas.
Maraisa, bufa, pega o telefone e, em poucos segundos, pede para que Marcela adie a tal reunião para o fim do dia.
– Pronto, mamãe! Pedi para não sermos interrompidas. – Maraisa se acomoda ao lado da irmã. – Estamos ouvindo.
– Desde que Marco se foi. – Almira respira fundo. – Resolvi ficar longe, pois, a empresa, essa cidade, tudo aqui me lembra o pai de vocês. Em todos os lugares desse país, estão espalhados seus feitos. Confesso que lidar com isso era demais para mim. Por isso, evitava vir, mesmo que para visitas. Mas, de um tempo para cá, percebi que abdiquei do meu dever de mãe. – Faz uma pausa. – Zelar pelo bem-estar de vocês, e pelo nome da nossa família e pelo sucesso da nossa empresa.
– Realmente eu não entendo. Estamos bem, a empresa vai muito bem. Superamos a crise enquanto você se mudava para Londres. E seu cheque referente aos lucros, todo mês é depositado em sua conta. Portanto, não tem motivos para se preocupar... – Maiara relata, mas é prontamente interrompida pela mãe.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Quando Você Me Olha nos Olhos
FanfictionA dor sentida não pode ser mudada, mas a forma como externar esse sentir, essa se pode decidir. Tais decisões designam o futuro, porém, é bom lembrar : toda decisão vem com uma consequência, seja boa ou não. Maraisa Pereira, engenheira Civil e dona...