Capítulo 41 - Alta

9 0 0
                                    

ALYSSA VISION

Priscila dirigia olhando fixamente para frente, sem nem dizer sequer uma palavra. Suspirei fraco tentando evitar o cheiro ruim das roupas e olhei para a janela entediada. Já estou exausta dessa vida de merda, quero sair daqui.

— Você deve estar se perguntando o porquê de estas roupas estarem cheirando tão mal. Não diga que não, porque eu sei que está — disse Priscila, ainda encarando a estrada. Não a respondi e continuei olhando para o escuro da cidade pela janela. — Eu matei outra pessoa, e estas são as roupas dela. Vou me livrar delas agora, porque pelo amor de Deus, que cheiro do caralho. — Ouvi atentamente e soltei uma risada anasalada. Não fiquei surpresa ao ouvir que estas roupas são de uma pessoa morta, porque Priscila já matou mais de 50 pessoas, com certeza.

O veículo continuou se movimentando por mais uns vinte minutos, até que Priscila parou em um lugar totalmente solitário e escuro. Com a luz fraca do carro, consegui enxergar um riacho e algumas árvores. Estamos no meio do nada, um ótimo lugar para se livrar de coisas.

Priscila abriu a porta do carro e a fechou, trancando logo em seguida. Ela jogou as roupas em um saco e o amarrou, jogando um pouco de terra nele, talvez para camuflar o cheiro e as próprias roupas. Pegou uma pedra do tamanho de sua cabeça e colocou dentro, para fazer peso. Fechou o saco com um nó firme e o arremessou no rio, vendo a água o levar para longe e o afundando conforme a corrente ia se intensificando. Limpou as mãos em sua calça e caminhou até o carro novamente, abrindo e fechando a porta com força. Se continuar desse jeito, irá quebrar as portas, pensei.

— Pronto. Nossa, esse cara era insuportável. Ainda bem que está morto. — Colocou as mãos no volante e pisou no acelerador, tentando ir mais rápido do que a outra vez.

Chegamos no hospital em quinze minutos, então Priscila estacionou o carro nos fundos e um segurança abriu a minha porta, sempre me encarando para que eu não fugisse. Segurou minhas mãos por trás e adentrou o hospital atrás de mim. Isso era entediante, se eu tentasse fazer algo, eu sabia que não conseguiria, então era melhor ficar quieta, mas mesmo assim insistem em me prender.

Caminhei torto pelo hospital, não sinto as minhas pernas e meus pés estão doloridos. O homem suspirou atrás de mim e senti um aperto em meus pulsos.

— Garota, dá para você andar direito, porra? — perguntou irritado e me virando contra ele. Dei de ombro me continuei andando, tentando me equilibrar.

— Não sei se você sabe, mas eu sou um ser humano, e seres humanos podem estar cansados e machucados, assim como eu. Então dá para você calar a merda da sua boca e fazer o seu trabalho? — perguntei irritada e o mesmo se calou, bufando e andando mais rápido.

Olhei para as minhas pernas que estavam com alguns cortes grandes ainda não cicatrizados e outros que já estavam ali há muito tempo, quase sumindo. Nunca irei perdoar Priscila por tudo o que fez, mesmo se ela mudar, e eu sei que não vai.

Finalmente o segurança me largou e eu o encarei andar para o lado oposto. Voltei o meu olhar para frente e vi o mesmo de ontem. Médicos correndo, equipamentos para todos os lados, diversas salas com pessoa sendo atendidas. Priscila me chamou para uma outra sala e eu fui até lá receosa, ela estava sorrindo mais que o normal.

— Sente aí, Alyssa — mandou e eu me sentei em uma cadeira ao lado de um bebedouro.

— O que você quer? — Me ajeitei olhando para ela.

— Nada — disse simples inclinando a cabeça para o lado.

— Mas sabe o que eu quero? — perguntei olhando para ela e colocando um sorrisinho no rosto e percebendo Priscila mudar o olhar diabólico para curioso. — Quero que você morra, e quero que você sofra por tudo o que fez com todo mundo. Foi por sua culpa que o Tom está aqui agora, sabia? Você não se sente culpada por ter acabado com diversas vidas e destruído tantos corações de pessoas tão boas? Você é completamente psicopata, Priscila — afirmei e ela riu.

Without Looking Back | Tom KaulitzOnde histórias criam vida. Descubra agora