Capítulo 51 - Velhos tempos

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ALYSSA VISION

Abri os olhos e eu ainda estava ali, onde Priscila estava em minha frente com uma feição assustada. Olhei para a esquerda e a janela do prédio havia quebrado, por causa do tiro que escutei. Atrás de Priscila, estava um policial com uma arma em sua cabeça, seguido de 2 carros de polícias com mais policiais avançando.

— Penélope Grace Agostini, você está presa por sequestro, tortura, danos físicos, danos psicológicos, danos morais, assédio, agressão, delito de omissão, 157, estupro, chantagem, falsa identidade, falsificação de documentos, roubo, furto, terrorismo, estelionato, uso de drogas e porte de drogas ilegal, porte de arma ilegal, assassinato, tentativa de assassinato, tentativa de drogar e embriagar indivíduos, organização criminosa e perjúrio. Seu mandado é de 182 anos e 6 meses, ou seja, prisão perpétua, mais uma multa e indenização. Ficará em regime fechado. Você tem o direito de permanecer calada. Tudo o que disser pode e será utilizado no tribunal — o policial disse, retirou sua arma da cabeça de Priscila e colocou uma algema em seus pulsos, enquanto a mesma ria descaradamente.

— Você está bem, querida? — Uma policial que vi ser Delegada Mitchell se aproximou de mim.

— Mais ou menos, delegada — eu disse, olhando para os meus machucados e para a minha mão, onde levei o tiro da Priscila. — Minha mão está... Ah... — exclamei rouca e ela imediatamente chamou um médico.

— Não se preocupe, você e o senhor Kaulitz estão seguros agora — disse a delegada assim que o médico me levou para a ambulância, onde Tom estava.

Meus olhos brilharam, encontraram os seus. Finalmente tudo isso acabou. Ignorei os médicos e saí correndo em direção à Tom, o meu porto seguro, o meu consolo, o meu abrigo, o meu melhor amigo, o meu amor, desde sempre, até sempre. O abracei com força, chorando tanto que podia me engasgar com as minhas próprias lágrimas. A dor que eu sentia em meu peito diminuía a cada segundo que passava, porque eu sabia que tinha acabado.

— Oi, linda.

— Oi, Tom. — Não consegui dizer mais nada, apenas o abracei novamente e comecei a rir. Ele se juntou à mim, e ficamos ali, sofrendo, mas ao mesmo tempo muito felizes.

— Senhores, precisamos falar com vocês, e vocês precisam ir para o hospital — o policial disse. Consegui ver por cima de seu ombro Prisc... Penélope nos encarando e sorrindo, enquanto a delegada Mitchell a colocava dentro da viatura de polícia.

— Tudo bem, mas e os outros envolvidos com Penélope? Sabemos os nomes de todos — disse e o policial arregalou os olhos surpreso.

— Exatamente por esse motivo que precisamos conversar com vocês. Mas antes, vou os deixar a sós. — O policial deu meia volta, mas se virou para dizer uma última coisa. — Parabéns, vocês conseguiram.

— Obrigada — disse, sorrindo.

— Olá, queridos. A família de vocês já está a caminho, então não se preocupem. Vamos anunciar no jornal que vocês estão vivos, assim todos poderão saber da verdade — disse a delegada sorrindo, com as mãos nos bolsos.

— Muito obrigada mesmo, Sra. Mitchell. Isso é muito importante para nós — disse encarando Tom que concordou.

— Venham, entrem na ambulância. — Ela nos guiou e consegui ver melhor a cena daquele ângulo: Carros parados na estrada, pessoas tirando foto de tudo, os flashes das câmeras dos repórteres cegando minha visão, policiais chegando com suas luzes vermelhas e azuis piscando e aquele barulho ensurdecedor que estava na minha cabeça. O barulho das palavras de Priscila, o barulho dos tiros, o barulho dos gritos, o barulho da dor, o barulho do silêncio. O barulho do silêncio é o pior, o pior de todos.

Meu coração batia mais rápido a cada segundo. Minha respiração ficava acelerada.
Meus olhos lacrimejavam.
Minhas mãos tremiam.
Meus dentes rangiam.
Minha vida recomeçou.

TOM VISION

Eu só pensava na possibilidade de que eu poderia estar vivo, mas Aly não. Eu fui embora como um covarde, como alguém que não sabe proteger. Eu sei que não foi assim, mas é assim que eu me sinto. O nó em minha garganta aumentando e o meu riso também. Eu não estava rindo de felicidade, mas sim de desespero. Eu estava enlouquecendo. Sentindo tudo o que passei novamente. Pensando tão alto que poderia parar em lugares onde nunca imaginei. Mas havia um pensamento que sempre foi o mesmo: Aly está aqui. Aly está comigo. Aly é a salvação.

— Com licença, senhor. Você poderia deixar eu examiná-la? — o médico me perguntou, nos encarando engolindo em seco. Talvez tenham medo de nós agora.

— Claro, por favor. Ela levou um tiro na mão, e ainda tem alguns cortes espalhados pelo corpo...

— Obrigado. Ela ficará bem.

— Eu sei que vai.

Ela não dizia nada. Seu olhar estava perdido. Sua cabeça estava à frente do meu tempo. Não expressava nada. Seu rosto não dizia nada. Seu olhar não dizia nada.
Seu brilho se foi.

Continua...

Without Looking Back | Tom KaulitzOnde histórias criam vida. Descubra agora