Capítulo 48 - Livres

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Continuação...
ALYSSA VISION

Game over, Priscila.

Estacionamos os carros em frente à um hotel abandonado, algo bem comum por aqui, e então trocamos de carro, já que o carro que pegamos estava coberto de cacos de vidro e sangue. Julian e Emily foram no banco do meio da camionete de Hanna e eu e Tom nos bancos de trás, para ele me ajudar com o ferimento.

— Calma, Alyssa — dizia ele a cada vez que eu fazia uma careta diferente enquanto ele retirava o caco de vidro do meu rosto.

— Eu tô calma, mas essa porra dói! — afirmei, fechando os olhos com força assim que ele retirou o último pedaço de vidro que havia em meu rosto e pude ver a quantidade do meu sangue que estava em suas mãos.

— Eu vou ter que enfaixar a sua cabeça, então você terá que fechar essa boquinha linda que você tem por enquanto — zoou ele e começou a enrolar o esparadrapo em volta do meu pescoço e na diagonal direita do meu rosto, tampando minha boca e o meu olho direito, que também estava um pouco ferido.

— Ela está bem?!? — Hanna se intrometeu na conversa.

— Sim, eu acho... Os cortes foram um pouco fundos, então ela vai ter que ficar assim, parecendo uma múmia. — Sei que Tom conteve o riso falando isso.

— Ah... Pelo menos já estamos chegando no local em que iremos ficar por pelo menos alguns meses — disse ela, voltando o seu olhar para a estrada silenciosa.

O resto do percurso de talvez 15 minutos foi em completo silêncio, ou talvez eu estava tão apavorada que não conseguia escutar ninguém. Acabou? Será mesmo que acabou? Então por que ainda me sinto assim, estranha? Por que ainda sinto a dor em meu peito como se estivesse levando aquelas facadas, aqui e agora? 
Talvez porquê não tenha acabado?

TOM VISION

Nós ríamos enquanto falávamos de Priscila, como se ela fosse uma mera amiga que jogou uma bolinha de papel em nossas cabeças (sendo que o que realmente jogou foi um tsunami de dores e coisas inexplicáveis).

— Chegamos! — avisou Hanna parando o carro em frente à um lugar vazio. Não havia nada.

— O quê? — perguntei confuso.

— Esperem e verão! — disse ela, saindo do carro e pegando alguma chave de seu bolso. Saímos do carro confusos e então um alçapão de ferro se abriu, fazendo-nos ficarmos ainda mais confusos.

— Que porra é essa? — Desta vez foi Emily que disse.

— Sua nova casa. — Entrou no alçapão sorridente e Kristina foi logo atrás. Encarei os outros esperando por algum sinal, até que Aly foi até lá e entrou no buraco do chão, então a segui e tentei enxergar no vasto escuro dali.

— Voilà! — disse Hanna assim que ascendeu uma luz fraca que havia no local velho e um pouco empoeirado.

Era como uma base, onde Hanna deve ter vivido por bastante tempo, já que havia alguns computadores e comida para mais de três meses ali.

— A gente vai ficar aqui? — perguntou Emily, encarando tudo como se fosse um lugar muito legal.

— Por enquanto. Primeiro porque, para o mundo, Tom e Alyssa estão mortos, então teremos que nos esconder aqui. Segundo, Priscila ainda está por aí, e não podemos fazer nada até ela morrer.

— Wow. Calma aí, Hanna — disse Tom arregalando os olhos por alguns segundos.

— Mas é o que está acontecendo nesse momento! E vocês vão ter que se acostumar com o cheiro de esgoto daqui. — Hanna contraiu os lábios.

— Espere, essas câmeras estão na cidade? — Julian apontou para os computadores que haviam no canto do local.

— Sim, e foi desse jeito que eu encontrei vocês.

— Isso ajuda muito.

— Mas... como você sabia que estaríamos aqui? — perguntei.

— Não é como se eu tivesse conhecido a Priscila ontem. Nosso primeiro contato foi em 2000, há bastante tempo — dizia. — E em 2004, ela já estava começando sua loucura, e matou o cachorrinho de uma menina... O enterrou aqui, em Luxemburgo.

Encarei Tom que me olhou com a mesma expressão: choque. Meu cachorro morreu em 2004, e foi Priscila que o matou.

— Hanna?

— Sim?

— O cachorro que ela matou em 2004 foi o meu — falei, direta. A encarei rapidamente e percebi que ela estava um pouco confusa. — O nome dele era Theo, e ele foi passar pela rua correndo e Priscila o atropelou... Eu tinha só quinze anos.

— Eu não fazia ideia... sinto muito — lamentou-se. — Priscila vai pagar, por tudo o que fez para todos nós. E isso é uma promessa.

Todos nós concordamos e senti uma lágrima escorrer pelo canto de meu rosto, por lembrar daquela época onde tudo era perfeito, até Theo falecer.

— E como é que isso vai ser? — perguntou Kris.

— Primeiro temos que encontrá-la, e garantir que ela não saiba onde estamos. Isso pode durar semanas, ou até meses, então estejam preparados. — Hanna começou a explicar e eu estava tudo atentamente, ignorando minhas mãos suadas e minha respiração acelerada. Por mais que eu estivesse protegida, eu ainda tinha medo da morte.

— Priscila deve estar agora em algum outro lugar estranho com sua máfia procurando esconderijos e se recuperando do tiroteio — disse Tom, e segurou minha mão por perceber meu estado. Apertei mais forte e inspirei rápido.

— Beleza, mas tudo isso enquanto tivermos alimento. Antes Hanna estava apenas com Kris, mas agora estamos em seis, e logicamente era muito mais fácil de viver e achar alimento não era problema — dizia Julian nos encarando. — Quando a comida acabar, alguém terá que sair para comprar mais, sem ser reconhecido e não ser visto por Priscila. Acham que isso é fácil?

— Não, não é fácil. Mas uma coisa eu sei: tem sempre uma saída para aqueles que são espertos o suficiente para encontrá-la. E nós vamos encontrá-la. — Hanna se sentou na cadeira em frente aos computadores e riu sorrindo de canto. Essa mulher é esperta pra caralho.

(...)

1 mês depois...

Tudo correu tranquilamente, ainda havia comida para todos nós por mais algumas semanas, talvez durasse até o final de julho. Agora tínhamos roupas descentes, comida, amigos e com certeza uma vida muito melhor que antes.

Cada um tinha pelo menos 1 pistola, caso algo acontecesse, e sempre ficávamos alerta. O carro estava escondido perto da nossa base, em uma floresta que ninguém ia há anos. Ele está lá porque tem uma passagem subterrânea de lá da floresta até aqui, o que nos ajudava muito quando precisávamos fazer uma ronda pra verificar se havia alguém suspeito por perto. Toda dia revezávamos, e isso funcionou por muito tempo, até agora. Ontem foi o meu dia, e o máximo de estranho que houve foi um gato passar por mim e pedir carinho, e parecia estar machucado, mas isso não era nada. Meus ferimentos já estão quase curados, e soubemos que Heitor, o irmão de Kris, faleceu 1 semana antes daquela reunião das máfias; Priscila o matou, por puro tédio. Eu não entendo essa mulher, e nunca vou fazer questão de entender.

Continua...

Without Looking Back | Tom KaulitzOnde histórias criam vida. Descubra agora