ALYSSA VISION
Eu só quero dormir e nunca mais acordar. Por que eu ainda sinto dor? Por que eu ainda tenho o sentimento de que não acabou? Por que eu não vejo mais sentido em continuar?
— Pronto, senhorita McKenna. Fique com a mão enfaixada por 3 meses. O tiro atravessou sua mão, então vai demorar para cicatrizar. Espero que vocês melhorem, garota. Vocês foram muito fortes — o médico dizia após fazer uma pequena cirurgia em minha mão.
— Obrigada. — Suspirei fundo e engoli o choro.
Ele saiu da sala do hospital e foi conversar com a delegada novamente, informando o que aconteceu comigo. Ela sorriu ao me ver e eu retribui acenando de leve com a mão boa. A Mitchell entrou na sala e se sentou ao meu lado e disse:
— No que está pensando?
— Nada.
— Nada?
— Não consigo pensar em algo.
— Então pense nas outras pessoas. Sua família, seus amigos, seu namorado. Eles estão preocupados com você, e não gostariam de te ver assim. Eu sei que você sofreu muita coisa, e que provavelmente tem muitos traumas guardados, mas não os deixe te consumir. Ainda tem vida lá fora. Ainda tem muita coisa para viver, então viva tudo. Se quiser chorar, chore. Se quiser gritar, grite. Se quiser falar, fale. Se quiser ficar em silêncio, fique em silêncio. Se quiser sorrir, sorria. Se quiser viver, viva.
Eu escutava tudo muito atentamente. Seus concelhos eram ótimos, e faziam eu me sentir muito melhor. Mas eu ainda não conseguia dizer nada. Eu só pensava naquele lugar. Eu só pensava das facadas. Eu só pensava nas pessoas que sofreram. Eu só pensava nas pessoas que morreram.
— Obrigada, delegada. De verdade.
Ela saiu do cômodo e foi em direção à outra sala, onde estavam outros pacientes. Escutei batidas na porta, e vi que era novamente o médico.
— Ei, Alyssa. Você tem visita! — disse ele, sorridente.
— Quem? Tom? Repórteres?
Ele não respondeu, apenas abriu passagem para que algumas pessoas entrarem. Fechei os olhos, para não ter que encarar pessoas me questionando sobre o que aconteceu.
— Eu, a Casinha.
Mas o quê...?!?
Ergui meu olhar choroso para cima, podendo ver minha melhor amiga. Me levantei e a abracei com toda a força do mundo, as duas chorando como bebês que acabaram de nascer, soluçando muito.
— É você mesmo? Você é real? Isso é real?
— Sim, Aly! Eu estou aqui com você, tá? — e Chorou mais e apoiou a cabeça em meu ombro. Nós separamos do abraço depois de um tempo conseguimos nos analisar melhor. Seu cabelo cresceu e estava mais volumoso. Seus olhos verdes estavam inchados e vermelhos por causa do choro. Sua pele morena estava mais bronzeada. Ela estava mais bonita do que nunca, e eu estava mais acabada do que nunca.
— Aly, você cresceu!
— Você também cresceu, Cassie! Virou uma mulher! — Sorri e fechei meus olhos, fazendo as lágrimas escorrerem mais rápido sobre a minha pele quente.
— O que você fez no cabelo? Está um arraso!
— Ah, teve um dia que Penélope estava de bom humor e nos deixou mudar de cabelo, então resolvi deixar loiro — disse e ela riu.
— Ainda não me acostumei com esse nome. Essa mulher está onde deveria estar desde que nasceu agora.
— E eu agradeço muito por isso!
Meu coração se apertava a cada palavra que dizíamos. A saudade era outro sentimento que me dominou enquanto eu estava com Priscila.
Me soltei de Cassie e sorri novamente, então olhei para a porta novamente e lá estavam Bill, Gustav, Georg, Nathan, minha mãe, Hanna, Emily, Julian, Kris e uma menina loira muito bonita. Não sabia o que fazer ou dizer, mas acabei me sentando na maca novamente e olhei para cima, tentando buscar as palavras que fugiam da minha boca.
— Obrigada. Obrigada. Obrigada.
Fui em direção à Bill e o abracei forte. Comecei a chorar novamente, deixando elas tomarem conta de mim. Fungava e respirava rápido, sentindo dor no peito e dificuldade para respirar. Os efeitos de um trauma são os piores.
— O-oi, Bill.
— Oi, princesa. Como você está?
— Mal. Muito mal.
— Mas você ficar melhor. Se eu fiquei, você vai.
— Eu não tenho certeza... Não teve 1 dia desses 4 anos em que eu não pensei em vocês, sabiam? Quando as coisas voltarem ao normal, vamos nos divertir muito! — disse e eles sorriram.
Me soltei do abraço de Bill e fui em direção à minha mãe, que estava chorando mais que eu. Percebi que agora eu estava mais alta que ela, e sorri consequentemente.
— Oi, mamãe. Como a senhora está?
— Não importa como eu estou, só importa como você está. Eu te amo mais que tudo, você sabe disso, não é?
— Sim, eu sei. Eu sei muito bem. — Chorei mais e mais, e assim fui abraçando e conversando com todos, matando a saudade que habitava em mim desde 2007.
— Hanna, muito obrigada por tudo. Sem você, eu, Tom e todos os outros estaríamos mortos. Eu te amo, mulher.
— Pare com isso, eu não quero chorar! — disse ela, já chorando. — Obrigada também, McKenna.
Me soltei do abraço encarando todos ali, sorrindo e lembrando das lembranças que eu tive com todos. Mas havia uma pessoa ali que eu não lembrava dessas lembranças, e então percebi que na verdade eu não tinha nenhuma com ela.
— Oi, Alyssa. Prazer, eu sou a Mary, noiva do Bill.
— Oi, Mary. Você já sabe quem eu sou. — Ri e ela sorriu. Seu sorriso ela lindo.
— Eu esperava que não seria assim que nos conheceríamos, mas tudo bem. Os meninos e Cassie sempre falavam muito de você e de Tom, e eu sempre tive uma imagem muito boa de você. Sabia que você é muito bonita, Aly?
— Ah, obrigada, Mary. Você é uma fofa! E eu espero que você faça Bill muito feliz!
— Eu vou, assim como ele me faz. — Ela o encarou e percebi um brilho aparecer em seus olhos quando ele olhou para ela, e vice versa.
— Sabia que eu também estou noivo? Não é, Cassie? — disse Gustav, e eu arregalei os olhos em choque.
— Eu sempre soube. Vocês foram feitos um para o outro.
Hanna levantou a mão, chamando a nossa atenção, então começou a dizer para Georg:
— Georg, eu gostaria de pedir seu perdão. Tudo o que fiz, foi para salvar Aly e Tom, e também para salvar todos os outros. Meus planos não eram eu me relacionar com você, mas acabou acontecendo. Eu me senti muito mais feliz e muito mais leve ao seu lado, e aqueles momentos que passamos juntos foram os melhores da minha vida. Então, se você ainda quiser, podemos voltar?
Um silêncio se formou ali, e Georg não expressava nenhuma reação. Porém, ele soltou um sorrisinho e respondeu:
— É claro que sim, Hanna! Vem aqui. — Ele pegou em sua cintura e a abraçou forte, então batemos palmas ao vermos eles se juntarem novamente.
Nós rimos e continuamos a conversar, mas ainda havia algo que ainda estava me incomodando. Estava faltando alguém.
— Aly? Alyssa? Está tudo bem? — Cassie me perguntou preocupada.
— Não, Cassie. Cadê ele?
— Ele quem?
— Ele.
— Quem?
Por algum motivo eu não consegui dizer.
— Você sabe.
— Do que você está falando?
— Tom.
Continua...
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Without Looking Back | Tom Kaulitz
RomansaAlyssa McKenna acabou de se mudar para a Alemanha, onde conheceu suas amizades verdadeiras e viveu sua adolescência inteira. Depois de um tempo, as coisas foram esquentando, e o clima entre Alyssa e seu vizinho, Tom Kaulitz, aumentou. Tudo ocorria...