Capítulo 21 - 2008

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1 ano de desaparecimento - 2008
TOM VISION

1 ano. 1 ano de sofrimento, de tortura e de destruição física e psicológica. 1 ano perdido da minha vida, perdido da pior maneira possível.

A única razão para eu viver foi a Alyssa, eu continuei vivendo por ela. Não suportaria saber que ela estaria aqui, sozinha, de luto e sofrendo torturas diárias. O sorriso sincero que me dava todos os dias mesmo sendo destruída completamente foi a minha fonte de esperança, de que conseguiríamos sair dessa.

Não sei como ela não enlouqueceu (eu estava quase), estávamos literalmente presos em um local isolado do mundo, tendo contato com apenas Priscila e seus seguranças, que nos torturaram todos os dias há 1 ano.

Ela contava os dias marcando com uma pedrinha, arranhando a parede do fundo da cela, fazendo riscos para cada dia que passava e que sobrevivíamos. Hoje foi o 365º risco, 1 ano.

Todas as noites nós dormíamos em um cobertor no chão, com as mãos amarradas com cordas grossas nas grades frias e enferrujadas da cela. Pelo menos ficávamos próximos, conseguia sentir seu calor perto de mim, e isso me acalmava. Quando eu ficava com medo eu pensava no futuro, eu e a Aly denunciando Priscila e seus comparsas para a polícia e depois tendo uma vida comum, com nossos amigos e familiares.

Uns meses atrás descobrimos que a Bianca, irmã daquela garotinha infeliz que fazia bullying com a Aly quando éramos crianças, está trabalhando para a Priscila. Quando nos viu amarrados no chão no dia em que nos revimos, a primeira coisa que a loira fez foi dar risada e começar a nos xingar igual a psicopata da Priscila. Ela não tinha nem pena nem piedade, só ódio e busca por vingança.

A Bianca estava ajudando a Priscila com negócios, dinheiro e com os locais que ficaríamos sendo torturados. Ela estava diferente, seu cabelo estava mais curto e ela tinha um semblante de mais velha, mais madura. Mas loira continuou sendo uma vagabunda, porém agora era muito mais escrota e sem coração. Fora que achava graça em tudo, sempre estava bêbada e obviamente usava drogas.

Nesse tempo que estive aqui aprendi muitas coisas. Primeiro, que eu aguento ficar por bastante tempo sem fazer sexo. Segundo, infelizmente tem outras pessoas sendo sequestradas e torturadas pela Priscila. Terceiro, há mais trabalhadores aqui, servem à uma máfia alemã super poderosa e que consegue destruir a vida de qualquer um. Quarto, se a Aly estiver bem eu estou bem também, a energia positiva dessa garota parece que contagia o ambiente e faz com que não pareça tão assustador quanto é. E quinto e último, ela é a mulher mais foda que eu já conheci e por isso quero me casar com ela, mas ainda é cedo para pensar nisso.

Em grande parte do tempo me senti sozinho, mesmo com a Alyssa por perto. Não tinha com quem conversar sobre outras coisas, coisas de homem. Eu conversava sempre com o Bill, afinal ele me entende completamente e me apoia em tudo.

Me sinto vazio, como se parte de mim tivesse ido embora no dia em que fomos sequestrados. Sempre tenho vontade de chorar, por causa da dor e do sentimento de angústia. Esse lugar aqui me deixa muito desconfortável, é frio e muita dor é deixada aqui. Pessoas sofrem todos os dias aqui, assim como eu e a Aly.

Não aguento mais ficar aqui nessa cela de merda, até o cheiro daqui é horrível. A pior parte é que eu sei que vai demorar para nós podermos sair daqui, vamos continuar sofrendo e morrendo aos poucos lentamente.

— Parabéns, Tom — Aly disse, chegando mais perto de mim se arrastando pelo chão. — Já passou 1 ano, nós conseguimos mais um pouco — disse ela lacrimejando e a abracei, um dos meus braços estava solto por causa da hora do almoço, esqueceram de amarrar de volta.

— Você é incrivelmente forte — disse à ela, beijando o topo de sua cabeça. Aly estremeceu e se apoiou no meu ombro.

— Você que é, Tom. Todos os dias está sofrendo mais que eu — disse e fechou os olhos, suspirando.

— Sabia que eu te amo? — eu disse, olhando em seus olhos.

— Sim, eu também te amo, independente do lugar. — Ela se aproximou de mim e me deu um selinho demorado, e oh céus como eu senti falta disso. Mesmo com a dor ela conseguia me deixar feliz.




Continua...







**vou me matar**

**deixem votos e comentariosss 💗🫶**

Without Looking Back | Tom KaulitzOnde histórias criam vida. Descubra agora