Cap 18

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Medo.

Deixo a faca em seu coração, como uma lembrança do meu feito.

Eu consegui matar o Rei do tabuleiro. A peça maior e mais importante.
Se tivesse como registrar esse momento, eu com certeza o faria.

— Você não faz ideia da burrice que fez, Beatrice... — ele arfa, e posso ver a sua vida se esvaindo dos seus olhos escuros. Uma morte lenta e dolorosa.

Fico de costas para ele, dando de ombros.

— Na verdade, foi a coisa mais inteligente que fiz nesses últimos dias.

Por que fiz isso? Eu fiz pelo bem de toda a humanidade de Naturais existente. E é claro, pela minha família. Tudo que fiz e faço até hoje é por eles.

Eles morreram e eu sobrevivi. Isso não é justo.

Respiro fundo e passo por Kyle, caído de joelhos, arfando de dor até o seu último suspiro. Puxo a trava da janela e a abro, expondo o dia incrível que está hoje. Eu sempre gostei do inverno.
Faz dias que eu tenho observado a fuga perfeita por todos os lugares possíveis desse esconderijo. E o escritório de Kyle era um deles.

Passo a minha perna pela janela e depois a outra, pulando para o telhado de baixo, tentando fazer o mínimo de barulho possível.

Eu consegui.

Eu matei ele.

Me apresso e me sento na beira do telhado, preparada para pular pro chão e correr o mais rápido que eu conseguir, vazando desse lugar imundo que os Eletrics chamam de casa.
O meu plano nunca foi matar Kyle hoje, e muito menos sem estar preparada. Mas aconteceu. Então, a única coisa que eu posso fazer é aceitar isso e fugir antes que percebam o que eu fiz com o chefe da maior gangue do país.

É difícil admitir isso, mas vou sentir falta de Maidy e Trevor. Por mais que eles sejam Eletrics, eles pareciam pessoas boas.

Corro pela neve, logo me arrependendo de não ter pego algum agasalho no escritório de Kyle. Essa região não costuma ser muito fria, mas quando o inverno chega, a temperatura cai muito rápido, trazendo um frio intenso consigo.

Derrepente sinto um arrepio na nunca, acompanhado de uma sensação esquisita, como se eu estivesse sendo perseguida. Corro mais rápido. Será que os Sanguinários já estão atrás de mim?

Droga.

Por descuido, acabo tropeçando e caindo de joelhos na neve, me fazendo rosnar de raiva.

— Que desastrada.

Me viro de imediato, arregalando os olhos ao ver Kylieh Christ Monterphill bem na minha frente, inteiro e... vivo.
Completamente vivo.

— Que porra é essa...? — Ainda caída na neve, me arrasto para trás, em choque.

— Achou mesmo que seria fácil me matar?

— Eu... Eu enfiei a faca em seu coração!

Ele bufa uma risada, achando graça.

— Bom, sinto lhe dizer que isso não funciona em mim.

Franzo a testa, confusa. Qualquer pessoa morreria com uma faca em seu coração. Exceto...

Porra.

— Não. — Arregalo os olhos, encarando o olhar sombrio de Kyle. — Você é um Eletric, eu sei disso. Eu vi você usando o seu poder várias vezes.

— O quanto você sabe sobre nós, Ladrazinha? — Ele se aproxima, me deixando desesperada. — Qual é a extensão do seu conhecimento, em?

— Se afasta! — brando, me levantando, trêmula, por conta do frio intenso.

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