62 - Tortura

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O processo do reencontro não se trata apenas de almas destinadas, mas de pessoas dispostas a se lerem, compreenderem e permanecerem juntas.

Se, para amar alguém, você está disposto a abrir mão do seu silêncio, dos seus gostos, do seu espaço e de tudo que é mais sagrado dentro da sua solidão, por que não fazer isso por você mesmo?

Por que você aceita uma alma destinada a você, mas não aceita a alma que já habita dentro de si?

Amar o próximo parece mais fácil do que amar a si mesmo porque, nele, você pode tentar suprir a ausência do que um dia te machucou.

É mais fácil curar o outro do que a si mesmo.

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Vovô parece bem, mas isso não é o suficiente para me fazer ir para casa.

Ele lê as notícias em seu tablet enquanto eu trabalho no laptop.

Estou decidido a recuperar a empresa, não apenas pelo poder aquisitivo, mas porque essa é a única forma de proteger quem eu amo. Quanto mais dinheiro se tem, maior é o controle sobre a situação.

Ela permanece no topo, e mais que isso, evoluiu em muitas categorias... mas em pouco tempo assim? Com aquela mula no poder? Tsc, sinto que terei dores de cabeça quando retornar à presidência.

- Quanto mais você foca nessa tela, mais frustrado parece. O que está lendo? - Ele está sentado na cama, segurando o tablet com a postura relaxada, mas o olhar atento em mim.

- Hum... Sobre as últimas notícias. - Respondo, limpando a garganta, sem desviar os olhos da tela do laptop.

- Sobre Vegas? Notei que ele ainda está sendo comentado. - Ele ajusta os óculos com um leve movimento dos dedos, mas há uma preocupação leve em seu tom.

Solto um suspiro e encosto a cabeça no encosto da poltrona. Meus ombros pesam.

- Vi que ainda perguntam sobre ele. - Minha voz soa cansada. - O que acha disso, vovô?

Ele observa por um momento antes de perguntar:

- Vocês já conversaram sobre isso?

- Eu disse para ele decidir o que quer fazer quanto ao nosso namoro. Se devemos tornar público ou não.

Vovô inclina um pouco a cabeça, como se avaliasse minha resposta.

- E o que você quer?

Franzo o cenho, hesitando. Minha boca se abre, mas nenhuma resposta vem.

Ele suspira, tirando os óculos e apoiando o tablet de lado.

- Pete, se Vegas quiser tornar isso público, o que acha que vai acontecer?

Levo alguns segundos para processar a pergunta.

- Será bom. - Digo, sem muita convicção. - A mídia pode ser sufocante, mas também pode livrá-lo do Chai. Quanto mais atenção tiver, menores serão as chances de tocá-lo.

Ele assente levemente.

- Hum. E o que mais? - Pergunta, observando-me com paciência.

Minha mandíbula trava.

- Vá direto ao ponto, vovô. - Peço, começando a me irritar com os rodeios.

- Vamos supor que melhore desta forma, mas e quanto ao que acontecerá nos bastidores, onde você estará com ele? Como você irá lidar com a empresa e com as reações de Vegas? Está se esquecendo do quanto ficou sufocado lidando com tudo de uma vez?

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⏰ Última atualização: 2 days ago ⏰

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