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— Hallie, se apresse! Nós vamos nos atrasar! _ Ares insistiu da porta do quarto.

— Já vou! Já vou! _ praguejei afobada e irritada pela insistência _ Cada vez que você me apressa, mais nervosa fico, e não consigo me concentrar!

— Então aprenda a fazer as coisas sob pressão!

— Eu não sou um homem cuja a única coisa que precisa arrumar é: depilar o saco, tomar banho e pentear o cabelo!_ gritei do banheiro furiosa, terminando o último grampo do penteado. Me dei uma boa olhada no espelho, avaliando cada fiozinho que pudesse estar fora do lugar. Bati a mão na bolsa sobre a penteadeira e me arrastei para fora. Parando na porta entre o closet e o quarto,  Ares estagnou, seus olhos me vasculharam de forma cética e silenciosa, baixo a cima.

— Uau... _ ele soprou e suspirei.

— Bem vestida o bastante para acompanhar um "homem de negócios" ? _  debochei pendendo meu quadril para o lado, apoiando o peso de meu corpo em uma única perna.

   Eu não sei como Ares conseguia sustentar essa faxada de empresário multimilionário, quando a verdade por trás de tudo era tão obscura quanto. E se eu pensasse demais nisso, meu humor seria arruinado. Eu escolhi essa vida também, não tinha o direito de julga-lo. Mas não podia dizer que era a favor disso.

— Você está... _ ele se calou por um novo instante, piscando fundo e e sorriu estreito com admiração em seus olhos. _ A deusa do meu Olimpo!

   Uma risadinha sincera e divertida escapou de meus lábios, e avancei em direção a porta em passadas largas.

— Vamos, Ares! Não fique parado aí! Vamos nos atrasar! _ elevei minha voz para que ecoasse pelo corredor.

  Meus olhos caíram na sala quando alcancei o alto da escadaria, vendo meu cachorro dormindo aos pés de Marlon que estava surpreendentemente cochilando de boca aberta. Contive um sorriso estreito.

   Ares logo me alcançou e saímos juntos para fora com Garry abrindo a porta do carro pra nós. Logo se passou um momento em silêncio, com as luzes dos postes passando pelo inteiror do carro, enquanto música vinha do painel a som ambiente. Era bom. Tinha que confessar que gostava das músicas antigas e diferentes que Ares gostava de ouvir. Me fazia sentir uma mulher muito importante de décadas atrás. E sinceramente, pensar nisso era o mesmo que criar um filme de ficção na minha cabeça.

  Uma risadinha me escapou e olhei de soslaio para Ares, com um comentário na ponta da língua, mas me detive ao ver seus ombros retardados, e seu semblante apertado. Podia jurar que, o confiante, poderoso e dominante Ares, estava tenso de verdade.

— Aconteceu alguma coisa? _ perguntei baixo, e ele negou com um balançar de cabeça firme. _ Ares, fale comigo! Sei que tem algo o incomodando. Seu corpo está tenso como na noite em que nos conhecemos naquele beco.

   Seus olhos vieram para mim como se eu tivesse o despertado algumas boas memórias.

— Às vezes, eu sonho com aquela noite. _ o semblante dele se escureceu _ E não acaba bem. _ ele voltou a olhar para frente, suas sobrancelhas apertadas como se ele estivesse sendo assombrado com aquilo.

   Minha mão espalmou sobre sua coxa, e apertei leve, o fazendo olhar de volta para mim.

— Nada vai acontecer comigo, Ares.

— Você não pode prometer algo assim. _ ele rosnou entre os dentes _ e isso me deixa muito irado. Eu tinha prometido proteger você, e... No meu sonho você morre Hallie. Você morre todas as vezes.

   Suspirei pousando meu queixo seu ombro, e Ares finalmente me encarou. Olhe só para este homem com medo de pesadelos... Tudo bem que possamos por algumas coisas perigosas, mas isso me fazia me sentir tão amada por ele que meu coração transbordava.

Um Gangster em Minha Vida Onde histórias criam vida. Descubra agora