Ares
A vi acenar com convicção e se encolher, arrancando os saltos altos, ganhando um minuto inteiro de minha atenção enquanto a observava o fazer. Voltei a olhar para longe, vigiando nosso esconderijo. Uma bala perdida chicoteou a parede oposta, me fazendo em um susto puxar a garota contra meu peito mais uma vez e me encolher completamente quase a esmagando contra mim.
Em um impulso, me levantei, minha mão alcançou a dela cruzando nossos dedos com força. E só soube que minhas mãos estavam tão suadas, quando encontrei os dedos frios dela em minha pele. A puxei em passos ágeis, nos mantendo nas sombras.
Eu podia sentir meu coração acelerado contra meu peito, e minha respiração pesada e densa. Não tinha medo de enfrentar a situação, não tinha medo do caos, porque ele fazia parte do meu cotidiano. Mas sempre a adrenalina subia por minhas veias, me fazia sentir vontade de descarregar minha arma, de ver o sangue de quem tirava minha paz, se fazer em poças nas calçadas e deixa-los apodrecer ali, sem descanso ou dignidade como a maioria das pessoas que recebem pelo menos um enterro e uma oração por sua alma.
Hallie
Senti meus pés protestarem contra o chão imundo com alguns pedregulhos que pisei cegamente, me fazendo praguejar baixinho e dar pequenos pulinhos de dor.
Bati meu rosto abruptamente nas costas largas daquele homem quando ele parou sem mais ou menos. Praguejo inaudível, e ergo meus olhos para os dele, quando me olhou por cima do ombro largo. Ele me observou de soslaio, tão sério que me estremeceu da cabeça aos pés.
— Direita ou esquerda?_ ele perguntou ríspido, em uma ordem pedindo por uma resposta imediata que meu cérebro demorou processar.
Levou alguns instantes encarando aquele bonito rosto, com meu coração saindo pela boca e com a sensação estranha em meu estômago que a qualquer momento eu iria apenas me curvar e vomitar até as tripas por mero caos da situação.
— Direita! _ anunciei em um fio de voz e ele acenou em positiva, virando a direita no beco e me puxando junto com firmeza, sempre me mantendo bem próximo. Quando me afastava um pouco, sua mão entrelaçada a minha, a puxava em uma ordem imediata, cheia de propriedade.
Em paradas pequenas, buscando não sermos vistos ou pegos por uma bala perdida. O som do confronto ainda era alto o bastante para fazer meu estômago embrulhar. Mas foi o som das sirenes da polícia que fizeram o homem a minha frente ficar rígido como uma barra de ferro, e suas mãos quentes e suadas começarem a ficar frias. Ele abruptamente começou a me empurrar desesperado escadaria de emergência a cima.
Assustei com o impulso, antes da irritação começar a subir para minha cabeça.
— Para de me empurrar!_ praguejo corando com força, e dentes apertados, com as mãos dele em meu traseiro, me empurrando para cima com uma pressa avassaladora.
— Eu passo em cima de você, garota! _ ele avisou autoritário. E bufei subindo os degraus com agilidade. Abri a janela com dificuldade, que deixou um rangido na ar, me fazendo assistir o rosto daquele homem ficar pálido, como se seu coração estivesse a ponto de saltar pela boca.
Ares
Se alguém nos ouvisse ou nos achasse, não estaria no melhor lugar para atirar, e nem o melhor para se mover livremente para fugir. Eu seria um alvo fácil para meu inimigo.
A garota passou a perna para dentro com cuidado, tão lenta que me deixou angustiado pela sua demora, e antes que percebesse a empurrei sem delicadeza para dentro. O estrondo dentro da casa me foi ignorado enquanto eu atravessava pela janela aberta para dentro do apartamento.
![](https://img.wattpad.com/cover/323095376-288-k466614.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
Um Gangster em Minha Vida
RomansaHallie ansiava mais de sua própria vida pacata. Em uma determinada noite, enquanto busca por um romance para lhe dar algum tipo de propósito, o encontro fracassado e inusitada a leva de volta para casa revoltada. Já no meio da noite, acaba se metend...