Um Gangster em Minha Vida

~80~

— Bando de víboras! _ resmunguei esfregando a toalha na cabeça, saindo de um longo banho na banheira. _ Foi ele que deu tudo pro gato, então porque sou que levo toda a raiva?_ disse para mim mesma, apontando para meu reflexo no espelho.

   Abri o closet, passando os cabides, mas caiu meus olhos em um embrulho próprio para roupas. O peguei curiosa, vendo um bilhete se desprender. Voltei meus olhos para o pertence, abrindo o zíper, e revelando um vestido vermelho da cor de rosas, ele tinha fenda cujo os babados na barra imitavam perfeitamente as pétalas. Suas alças era finas, e o decote recatado.

— Mas que raios... _ suspirei pesadamente. Tinha que ser Ares para escolher uma roupa para mim.

   Me abaixei pegando o bilhete, o virando e estagnei, vendo a caligrafia trêmula e familiar que tinha lido até momentos atrás.

— " Não se atrase! Sou um velho impaciente. " _ soprei, apertando as sobrancelhas. Pisquei algumas vezes, e um sorrisinho torceu meus lábios de um jeito tímido.

Kalel

   Depois de Ares ter chutado tio Max para fora com as próprias mãos, subi para o quarto, fechando a porta atrás de mim com calma.

   Emma que estava deitada sentou me olhando curiosa, arqueando uma sobrancelha.

— Está barulhento lá em baixo. _ comentei sentando na cama ao seu lado. Vendo que ela tinha comido bem a sopa que foi deixada em cima do balcão essa manhã.

— Estão todos lá em baixo?

— Por incrível que pareça, vovô e Hallie conseguiriam atrair todos. Um funeral falso. Tinha até uma urna em cima da mesinha de centro. _ cocei a cabeça e Emma cobriu a boca, escondendo o riso.

— Marlon e Hallie fazem uma ótima dupla. _ Concordei, e ela balançou a cabeça em negativa, sorrindo sozinha, certamente imaginando toda a cena. _ Então foi tudo deixado para Panter?

— Minha gata chegou primeiro! Tinha direito a metade dessa herança. _ praguejei alisando Felicia que também estava ali, ronronando e afagando as unhas no cobertor.

  Omiti a parte da ofensa a Hallie pelo bem de Emma. Era perigoso. O médico tinha sido claro nas especificações. Mas justamente no dia que ela deveria apenas descansar, fomos descarregados em uma casa cheia de gente histérica.

— Hoje é aniversário do Marlon, certo? Deveríamos o dar um presente. _ ela comentou e encarei Emma, surpreso por sua sugestão.

— Não está com raiva pelo que ele te fez? Ele merece ser ignorado e odiado por isso, Emma. Eu não consigo o perdoar.

— Hey, está tudo bem! Eu o entendo! De verdade. _ ela apontou com o queixo para mim _ E ele é seu avô! Ele te ama...

— Amor não anula as coisas erradas que uma pessoa é capaz de fazer. _ apertei as sobrancelhas enquanto continuava a alisar Felicia. _ Você é minha esposa. E todo aquele estresse quase nos fez perder Alyce. Ele quase me fez perder minha filha... A bisneta dele.

   Emma suspirou, e desisti daquele assunto, ajeitando os travesseiros.

— Suponho que ficar no quarto evitará uma série de aborrecimentos, não é? _ ela comentou baixinho e apertei as sobrancelhasm

— Ares e eu nos sentiremos honrados se você nos pedir para expulsar a todos.

Emma riu rouca.

— Vocês são dois barraqueiros. Como podem odiar tanto a própria família?

— Você não? _ perguntei e ela piscou fundo, me olhando cética. _ Desculpe! Não queria colocar assim. É só que... Eles não são muito diferentes.