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Hallie

Ares ainda estava dormindo quando me aventurei a sair da cama mais cedo do que esperava depois de uma noite bem agitada. Cada passo na escada fazia meu corpo protestar, o que indicava que Ares realmente havia apagado o termo "ir com calma" de seu linguajar. Ontem a noite ele nos levou a um nível que duvido que repetiremos tão cedo, uma intensidade enlouquente que no fim nos deixou sobre a cama sem um pingo de força e o fôlego escasso.

Mordi o lábio, contendo um sorriso satisfeito, mas logo meu semblante se tornou uma máscara de desdém e fingimento. Megan que estava se dirigindo para o jardim, onde seria servido o café da manhã, colocou seus olhos em mim, ficando parada diante da porta de vidro, me olhando como se eu fosse um ladrão na noite, e ela fosse a testemunha de meu crime, a pessoa que contaria tudo a um juri e me jogaria atrás das grades.

Pobre mulher... Tão desesperada por dinheiro, que mal sabia que a pessoa que poderia joga-la na sarjeta era exatamente eu. Suas dividas no Olímpio poderiam muito bem arruina-la por si só.

Rolei meus olhos pela casa, procurando os outros e a encarei.

- Parece que somos as únicas acordadas tão cedo. _ comentei, agora parando ao seu lado. _ O que há com essa cara azeda tão cedo, tia Megan ?

- Não me chame de tia! _ ela grunhiu como um animal irritado e ferido.

- Você realmente é filha de Marlon. _ soprei, encarando o jardim com bom humor que se recusava a deixar meu corpo. Ela me olhou de esguelha, com desgosto por minha afirmação, mas certamente intrigada com aquilo.

- Diga-me, como alguém como você conquistou o velho? _ ela resmungou, e a encarei no fundo dos olhos. Se aquilo era um jogo, eu estava preparada para jogar.

Não podia me esquecer que um passo em falso neste ninho de cobras, poderia me causar problemas e dores de cabeça muito indesejados. Cada membro dessa família parecia querer minha ruína, mas eu não daria esse gosto a eles.

- Na verdade, foi ele que me conquistou. _ dou de ombros, me inclinando em sua direção com um falso segredo borbulhando em minha boca _ Com tanto dinheiro, e um pé na cova, quem não seria conquistado, não é?

- Sua ratazinha....

Ri rouca em desdém, a olhando baixo a cima vagarosamente.

- Não é por isso que está aqui? Você veio pela notícia da morte dele, e pelo dinheiro. Sequer se importava se estava vivo ou morto. Você e os outros, merecem mais do que a sarjeta. Merecem todo meu desprezo. _ sussurrei apertando as sobrancelhas, me afastando para o jardim, onde a mesa estava sendo posta pelos empregados.

Me ajustei a cadeira da cabeceira, aproveitando o sol sobre meu rosto, aquecendo minhas bochechas e trazendo a promessa de um dia agitado. Sombra se fez diante de mim, e abri uma brecha de minha pálpebra para encarar Megan.

- Como pode nos julgar? Sequer sabe como vivemos os últimos anos. Como tem sido difícil...

Ri com escárnio. Voltando a aproveitar o sol.

- Difícil? É assim que você coloca? Viagens, compras, uma vida de luxo. Você sabe o que é trabalhar ou o que é uma carteira de trabalho? Eu dúvido muito! Seu pai estava em coma quando cheguei aqui meses atrás. E nunca, ninguém, ligou ou apareceu. Ares tem razão em tratá-los como ratos. É o que são!

Os dedos de Megan se fecharam no encosto da cadeira com força, fazendo seus nós ficarem brancos pela força de sua raiva contida. Seus olhos pareciam faiscar. E se ela pudesse avançar sobre meu pescoço, o que realmente parecia que ela queria muito agora, ela já teria feito.

Um Gangster em Minha Vida Onde histórias criam vida. Descubra agora