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Haille

Pinheiros altos passavam pela janela do carro, eu acompanhei cada um deles despontando no céu. Não sei que tipo de pessoa Marlon estava me levando para conhecer, mas só a estrada que levava a casa dele estava me deixando miúda contra o banco do carro. Olhei de esguelha para Marlon, parecendo tenso como eu, menos intimidado também.

- Quem você está me levando para negociar.

- Você não vai. Vai ficar muda e quieta! Eu vou fazer isso!

- Certo... - engoli em seco. Se Marlon estava assumindo aquilo, quem era eu para interferir?

- Esta é a propriedade de inverno dele. Uma de suas preferidas.

- Como soube que ele estava aqui?

- Você duvida de minha capacidade? Esqueceu quem sou?

- Ah não! Você é o monstrinho que gosta de dar tiros para cima, e um encrenqueiro. Como eu me esqueceria?

Marlon me olhou com desgosto, deixando um suspiro tenso escapar. As arvores se abriram para o vislumbre de um palacete. Meu queixo caiu. Uma fonte gigantesca ao centro se fazia de rotatória, o portão de ferro ornamentado aberto de forma eletrônica. Graças ao inverno batendo a porta ali, as arvores comuns já tinham perdido suas folhas, mas nada era capaz de roubar a beleza da mansão, que mais parecia o palácio de um rei. Meu rosto congelado levou um longo momento para tirar meus olhos da morada do conhecido de Marlon para encarar o mesmo.

- Não toque em nada!

- Não precisa dize duas vezes. - engoli em seco.

O carro contornou o chafariz e parou. Descemos meio receosos, e olhei mais uma vez para aquela maravilha de mansão. Havia tantas janelas, e as paredes externas cor creme, a escadaria em mármore cor de marfim. Marlon lançou um olhar para mim, me dando um segundo a mais para apreciar mais um pouco.

- Nunca vi nada tão bonito em toda minha vida!

- Espere até ver lá dentro.

Aquilo me empolgou, me fazendo sorrir e parear ao lado de Marlon. Um empregado estava parado ao lado da gigantesca porta branca. Subi os degraus com cuidado, e olhei por cima do ombro para a visão de por onde viemos, a cordilheira de montanhas despontava no horizonte e o lago aos seus pés, parecendo fazer parte daquele jardim. Me senti tentada a perguntar ao dono daquele lugar se a propriedade chegava até elas.

- Deve ser lindo quando a neve cai.

- Talvez tenha a sorte de ver. - Marlon soprou e o encarei.

- Como isso seria possível?

- Por que não começa a orar para a neve começar a cair até a hora de irmos?

- Você olhou na previsão do tempo?

- Sim! É por isso que disse para trazer um casaco!

E ele estava certo. Naquele momento eu estava embrulhada em um grosso casaco felpudo caramelo. O vento que batia em nossos rostos deixava minha pele dormente. O empregado apontou para a porta aberta quando alcançamos o topo da escadaria. Marlon apenas entrou sem sequer cumprimentar o homem e o segui pelo menos acenando para o homem de meia idade. Ele tombou a cabeça de um jeito educado e cavalheiro e voltei meus olhos para o salão que se abriu diante dos meus olhos. O chão quadriculado entre preto e branco, tão lustrado quanto um espelho, brilhava ainda mais sob a luz dos lustres de cristais. Ao fundo, duas pilastras se erguiam entre uma passagem em forma de arco, e estatuas a ladeavam me roubando todo meu folego. Duas escadas nas laterais levavam a lados opostos do palacete.

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