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— Estou surpreso com a sua capacidade de resolver problemas..._  comento baixinho, segurando a borda do cobertor que vinha até meus ombros.

   Encarando o teto do quarto cético, enquanto o apartamento estava banhando em escuridão, não conseguia dormir. Com meus hábitos noturnos, isso tinha se tornado um pouco difícil de fazer. E a preocupação se em algum momento invadiria por aquela porta também não ajudava muito.

      Milagrosamente aquela garota tinha tirado um colchonete de cima do próprio colchão. Talvez ela o usasse para deixar a cama mais macia...

  Tombo a cabeça olhando em direção a porta do apartamento, onde fiquei  averiguando se ninguém estava se movendo lá fora, nas sombras, a minha procura. Quando ergui a cabeça para olhar para garota sobre a cama, a encontrei encolhida em um lençol fino. Ela dormia tão pesadamente, parecendo tão relaxada que isso me intrigou. Talvez fosse eu a pessoa estranha que não conseguia dormir fora da segurança de meus homens armados ao redor da mansão.

   Me sentei, esfregando o rosto e continuei a encarando cético. A noite estava fria, e mesmo assim ela me deu o cobertor mais grosso para dormir com apenas um lençol. Sorrateiro, me levantei, levando para perto dela o cobertor. Puxei devagar o lençol, a descobrindo, e solto uma risada nasal ao vê-la de meias, uma camiseta branca e um short preto. Os cabelos escuros longos esparramados pelo travesseiro me fez sorrir ladino. Ela era uma garota muito bonita, e ficava fofa quando estava dormindo tão serena. Mas devo admitir que também é corajosa por passar por uma situação tão intensa em uma única noite, e conseguir dormir como se nada a abalasse.

    A cobri com cuidado com o cobertor, ajustando-o acima de seus ombros,e ergui meus olhos, encarando seu rosto através da leve escuridão dentro do cômodo. Ela tinha traços tão bonitos, tão atraentes, mas parecia tão cansada. Tirei uma mecha de seu cabelo que caia sobre sua bochecha, tomando cuidado para não acorda-la com o toque suave da ponta de meus dedos em seu rosto. De onde eu a conhecia? Parecia que a resposta estava na ponta da língua, mas não sairia de primeira.

   Me afasto devagar, levando o lençol comigo. Eu podia ser da máfia, podia ser conhecido pela tirania, mas ainda sabia ser grato a boa hospitalidade. Aquela garota, querendo ou não, tinha me salvado aquela noite. Eu poderia ter tentado sair daquele caos sozinho e provavelmente teria tomado um tiro, mas nunca imaginei que até o meio da madrugada estaria deitado sobre um colchonete fino, olhando para um apartamento pequeno de mais para duas pessoas.

    A memória da garota chorando desesperada, abraçando a própria bolsa com tanto desespero, contando o "fracasso" de seu dia, me fez sentir estranho. Ela parecia uma garota boa, alguém que merecia uma boa vida, não chorar desesperada escorada a um contêiner de lixo implorando pela própria vida.

   Por um momento temi que minha presença viesse apenas trazer ainda mais infortúnio para ela. Se eles apenas desconfiassem que ela tinha alguma ligação comigo, provavelmente tal garota ia se machucar. Se machucar de verdade...

    Sem perceber minhas sobrancelhas se apertarem com a imagem em minha cabeça de seu belo rosto ferido, banhado em sangue. Tal imagem fez meu estômago embrulhar, como a muito tempo não senti isso. Pena e receio por alguém...

    Me prometeu no silêncio daquela madrugada, que quando saísse daquele apartamento, que nunca mais cruzaria a mesma rua que ela, pelo seu próprio bem. 

   Enfiei a mão de baixo do travesseiro, puxando minha pistola para fora e a olhando firme em minhas mãos. Não havia nem mesmo um único ruído no ar enquanto eu encarava a arma tão sério. Eu os faria pagar por essa noite!

***

Acordo tombando a cabeça, abrindo com dificuldade os olhos e tentando me lembrar onde estava, enquanto me sentava e rolava meus olhos pelo apartamento.

Um Gangster em Minha Vida Onde histórias criam vida. Descubra agora