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2008

Clã Yamato

Os pingos grossos de água pareciam pedras ao atingirem a pele pálida da garota. Estava chovendo, chovendo muito, ao ponto de fazer poças no quintal. Todoye estava lá, parada na chuva, não porque queria, óbvio. Foi uma ordem de seu pai, sempre que chove forte ou quando chega o inverno, Akuyashi faz a filha passar algumas horas no frio, ele quer que o corpo da garota se acostume com temperaturas baixas e altas, ela precisa ser resistente a tudo.
Todoye observou as formigas se protegerem da chuva em baixo das folhas, todas unidas esperando a chuva passar. Seus olhos subiram para o céu, estava escuro apesar de ser dia, as nuvens carregadas de água traziam alguns trovões junto.

Estava frio, muito frio.

Por isso Todoye odiava o inverno, sempre sentia muito frio.

E pelo motivo contrário odiava o versão, sentia muito calor naquele porão.

A roupa encharcada, cabelo molhado, lábios roxos, pele gelada e arrepiada, mesmo passando tanto tempo embaixo de chuva ainda sentia frio, suas vestes não a protegiam de nada.

Todoye fechou os olhos e deixou a chuva lavar sua roupa suja de sangue.

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2018 (Atualmente)

Tóquio.

As sirenes dos carros da polícia estavam altas, elas piscavam sem parar em vermelho e azul. Os três saíram do carro e adentraram no cinema coberto por caixas amarelas indicando que o lugar estava interditado. Nanami mostrou um crachá para o policial liberando a entrada dos três.
O cinema estava com as luzes acesas, as cadeiras vazias e o enorme telão desligado.

- Consegue enxergar? É uma mancha residual de energia amaldiçoada- O loiro perguntou a Itadori.

- Não, não consigo ver..-

- É porque não está tentando ver. Normalmente, vemos maldições como se fosse algo natural enxergá-la.-

Essa conversa não convém a mulher de cabelo curto, então apenas desviou a atenção para as cadeiras vazias, conseguia sentir o cheiro de sangue de longe. Ela desceu indo na direção dos primeiros acentos, no meio do caminho conseguiu ver corpos de pessoas deformadas.
Olhos esmigalhados, pele roxa com espessura mais grossa, aquelas pessoas foram transformadas em verdadeiros monstros, e como ela tinha certeza que são humanos? Todoye sabe distinguir o cheiro de sangue humano de longe.

- Já sabem quem fez isso?-

- Não, mas provavelmente foi obra de uma maldição- Nanami dirigiu uma palavra pela primeira vez a Todoye.

Ela deu uma última olhada nos humanos transfigurados e saiu da sala de cinema junto dos outros dois. Subiram as escadas para a área de cima.

- Não tinha nada nas câmeras de segurança, né?- O rosado perguntou enquanto subia as escadas ao lado de Nanami, Todoye estava logo atrás escutando.

- Sim, só havia mais um jovem, fora as vítimas.-

Chegaram na área de cima, o céu se derramava em chuva. Ambos armaram um guarda chuva e seguiram caminho, Todoye foi a única sem algo para se proteger dos pingos de água.

- Todoye sensei, pode vim, podemos compartilhar meu guarda chuva.-

Ela não negou, seria uma chatice ter que esperar suas roupas secarem, então aceitou a oferta do garoto de bom agrado.

- Há uma chance pequena que o rapaz tenha sido o culpado, mas identificá-lo é trabalho do- Nanami foi interrompido por um barulho de algo se arrastando.

̶T̶h̶e̶ ̶O̶p̶p̶o̶s̶i̶t̶e̶s̶ - ɢᴏᴊᴏ&ᴘᴇʀsᴏɴᴀɢᴇᴍOnde histórias criam vida. Descubra agora