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- Vai impedir minha passagem?-

Os olhos escuros encararam profundamente os dois guardas feiticeiros. Os dois homens se entreolharam. Ela é a filha do atual líder, futura herdeira do clã, não podem impedi-la de entrar.

Todoye não precisou falar nada, eles saíram de seu caminho. O guarda à esquerda cutucou o braço do companheiro novato.

- Tenho a sensação de que não deveríamos tê-la deixado entrar.- Ele trabalha para Akuyashi a mais de dez anos, é quase um anfitrião entre os feiticeiros do clã. Acompanhou quase toda a criação da filha do líder, a garota sempre teve a expressão neutra, sempre obediente e calada, mas dessa vez alguma coisa estava mudada.

- Por que? Ela não é a filha do patrão?-

- É sim, mas... não sei..- Olhou para a mulher adentrando a mansão antes da grande porta se fechar.

- Estou tendo uma péssima sensação.-

Todoye andou calmamente pela grande sala, sua mão passou suavemente pela mesa retangular de madeira escura, havia algumas garrafas lacradas de whisky de diferentes marcadas, ela pegou uma e abriu dando um gole demorado. O líquido transparente desceu rasgando sua garganta. Estava precisando tomar algo forte. Largou a garrafa entreaberta na mesa e seguiu caminho para as escadas do andar de cima, tem certeza que seu pai está no escritório.
Seus passos subindo as escadas são pesados, parecem quase arrastados. Todoye sentia o peso de seus calcanhares a arrastando para baixo, porém seguia firme, mal piscava os olhos.
Quando chegou no topo da escada conseguiu escutar sussurros vindo do escritório dele. A casa está tão silenciosa que era possível escutar o que eles falavam, mesmo que baixo, ainda escutava.

Ela entrou sem bater na porta.

Akuyashi moveu o rosto lentamente em direção a porta. Ele está sentado em sua poltrona de costume, as mãos agarradas no copo de vidro redondo que carrega um líquido alaranjado. De frente a ele está Kenjaku, sentado na cadeira, ele não precisou virar para saber quem era.

- O que você faz aqui?- Akuyashi perguntou, seu tom de voz sem sentimentos é habitual quando refere-se a filha.

- Estou a bastante tempo sem comer, preciso estar com as energias cem por cento para proteger algo tão valioso para o senhor.-

Akuyashi estralou a língua sem paciência, achava que a filha não iria calar a boca, ela nunca falou tanto.

- Não me importo, eu mandei não sair de lá.- Largou o copo na mesa.

Todoye permaneceu parada o encarando. Akuyashi curvou a cabeça ligeiramente para o lado observando a filha, ela está o desafiando?
Antes que pudesse falar algo o homem de cabelos compridos pronunciou-se primeiro.

- Aproveite que está aqui e nos traga uma xícara de café.- Deu uma pausa.

Todoye encarou o homem que está de costas. Ele esboçou um sorriso para Akuyashi.

- E traga para você também, precisamos conversar.- Completou a frase.

Todoye comprimiu os olhos. Conversar com ele? Ela não quer e nem pretende conversar com aquela maldição.

- Eu não gosto de café.-

- Então faça chá.-

Concordou com a cabeça percebendo que o homem de cicatriz na testa arrumaria uma solução para todas as situações.

Deu meia volta saindo do cômodo, assim que a portal se fechou atrás de si Todoye voltou a respirar novamente, seus pulmões doíam. Ela entrou naquela mansão com um objetivo, mas toda vez que ficava no mesmo ambiente que ele toda sua coragem parecia evaporar.
O que devia fazer? Como acabar com isso de vez?

̶T̶h̶e̶ ̶O̶p̶p̶o̶s̶i̶t̶e̶s̶ - ɢᴏᴊᴏ&ᴘᴇʀsᴏɴᴀɢᴇᴍOnde histórias criam vida. Descubra agora