Capítulo 3

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O vento frio arrepiou minha espinha me acordando de um pesadelo para que eu pudesse viver o verdadeiro pesadelo.

Sem salvação, sem nada de bom para alguém como eu… Um condenado vivendo as consequências de minhas escolhas ruins e impensadas enquanto meu corpo padece sobre o chão de pedra congelante, cruel e cortante.
-Malfoy! -Alguém me grita, mas sou incapaz de me virar para olhar. -Eu lhe trouxe algo.

-Não preciso de nada, Potter. -Respondi ainda encarando o chão ao meu lado.

-Você é um merda, Malfoy, suas escolhas foram uma merda e eu não gosto de você. -Um riso escapou por mim sem que eu pudesse conter.

-Veio chutar um cachorro morto?

-Eu vim te dar a porra de um presente, porque eu não te suporto, mas também acho que esse lugar maldito viola todos os direitos humanos possíveis. -Algo pesado foi jogador sobre mim, mas meu corpo se recusa a mexer diante da possibilidade de dor.

-Eu vou acabar com esse lugar, Malfoy, e então poderei ver você pagando por tudo que merece sem sentir pena.

Seus passos soam pesados e decididos conforme ele se afasta da minha sala, não consigo ouvir nenhum outro barulho, nenhum outro preso, sempre condenado ao silêncio absoluto até passar a ouvir o funcionamento do meu próprio corpo.

Um novo tipo de autoconhecimento te toma quando você consegue ouvir seu próprio sangue correndo, as batidas constantes e fracas do meu coração ora me acalmam, ora me enlouquecem. Uma lembrança constante de que não estou em um pesadelo, aquilo era real.

Me esforço para obrigar meu corpo a segurar o que Potter me jogou e vejo um livro em branco, um diário. Mais próximo a entrada da cela vejo um tinteiro simples de vidro com tinta preta e algumas penas.

Harry Potter me deu uma fonte de fuga dos meus próprios pesadelos.
Maldito filho da puta.

Ele me pôs em mais uma dívida com ele, para se somar com o fato de ter salvo minha vida.

Se é que minha vida pode ser considerada salva… Maldita Granger que também não me deixou morrer aquele dia.

Tudo seria mais fácil.

Maldita Granger!

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