Capítulo 15

122 9 0
                                    

Um peso incômodo me prendia imóvel sobre o colchão quando acordei no dia seguinte,  uma perna se enrolava em minha cintura enquanto um braço me segurava logo abaixo do peito. E o cheiro de morango invadia minhas narinas me trazendo um conhecimento específico de que era Astória.

Minha cabeça latejava e meus olhos arderam como brasas ao abrirem se deparando com o quarto completamente iluminado devido a cortina que não fechei. E também estava muito frio o que me fez querer ficar mais um pouco sob a coberta.

-Pare de se mexer, quero dormir. -Astória resmungou me prendendo mais. 

-Astória, já é de manhã e não ligamos a calefação, estou congelando.

Ela estendeu a mão procurando pela varinha na mesinha de cabeceira e lançou um feitiço inaudível que esquentou o quarto e só então se dispôs a abrir os olhos. 

-Você acorda bonita, Deus realmente tem seus preferidos. -Comentei observando seus olhos brilhando em um oceano cristalino sendo iluminado pelo Sol. 

-Falou Hermione Granger. -Ela responde revirando os olhos e se alongando. -Já passou do meio-dia.

O café da manhã foi quase fúnebre após eu recusar a poção de sobriedade que Astória me ofereceu, ela ficou um pouco ofendida, mas não se deixou abalar e desceu uma colher da poção goela abaixo se declarando não obrigada a sofrer se tinha uma solução melhor.

-Esse pão com geleia está me lembrando seu cheiro, é como comer você em forma de geleia. -Falei para descontrair o clima, foi o suficiente para que ela risse.

-Eu adoro morango, é um cheiro que não me lembra da minha infância de jeito nenhum. Os cheiros mais caros, importados, eram muito usados pelos visitantes dos meus pais e me causam repulsa, eles jamais usariam algo tão pobre quanto morango.

-Morango não é coisa de pobre.

-A fruta não, mas o cheiro meio que é sim. Ricos de verdade usam perfumes árabes caríssimos que mal chegam aqui na Europa, provavelmente algo que alguém normal como você nunca vai chegar perto.

-Me senti uma mera mortal agora.

-Minha mãe tinha um frasco minúsculo de perfume que foi feito exclusivamente para ela e custou sete mil libras.

Viver com Astória era basicamente isso, ser lembrada constantemente que os nobres possuem um poder aquisitivo que uma pessoa como eu jamais saberia o que fazer em relação a isso. É como pensar na coisa mais cara que você tem vontade de comprar, mesmo que custe milhões não faria nem cócegas no patrimônio da família.

-Hoje quero fazer algo diferente, vou te levar ao cinema. Esse mês estreou X-men, é filme de herói, os trouxas adoram. Vou convidar a galera.

Liguei para todos e às sete da noite nos encontramos em frente ao cinema do centro, Astória se empolgou com a tecnologia que não estava habituada apreciar, mas disfarçou para não assustar nossos amigos demonstrando somente quando ficamos sozinhas no banheiro do pub que fomos quando acabou o filme.

-Trouxas são muito superiores, os bruxos não tem nada nem minimamente parecido com isso, não sei o que eles tem tanto contra tecnologia. Imagina um cinema em hogsmeade, seria um sucesso.

-Um mundo miscigenado seria um lugar onde todos ganham, mas não é assim que funciona a humanidade.  

Ela concordou rendida, esse tema não tem muito o que discutir e ainda lembra muito a guerra, então silenciosamente concordamos em mudar de assunto.

-Você sabe que o Sam tá a fim de você?

-Eu sei, ele é muito bonito, mas não toma nenhuma atitude além de flertes descontraídos. Eu que não vou correr atrás dele.

Astória me aplaudiu pela resposta determinada e me arrastou de volta para nossa mesa onde todos bebiam refrigerante, ainda traumatizados pela noite anterior.

Begin AgainOnde histórias criam vida. Descubra agora