Hermione sabia que estava se comprometendo com algo completamente errado, sabia muito bem que se lesse a lei direitinho estaria cometendo um crime gravíssimo, mas ela estava disposta.
Ela andou em seus saltos finos que ecoavam pelas paredes do Gringotes conforme ela se aproximava do atendimento principalmente carregando duas procurações grossas assinadas por Astória Greengrass e Draco Malfoy.
Foram mais de cinco cofres esvaziados sem o conhecimento de seus donos, milhões de galeões convertidos e transferidos, deixando um duende muito suspeito, mas sem poder fazer nada. As procurações eram verdadeiras e dava a bruxa ali presente direito a fazer quaisquer movimentações monetárias que desejasse.
Ao sair do banco completamente falida, a bruxa se dirigiu até um prédio mais afastado no beco diagonal onde funcionava uma editora sob demanda que ela contratou na semana anterior.
-Senhorita Granger. -O velho senhor cumprimentou ao vê-la entrando.
-Senhor Pit, como está? Está dando tudo certo?
-Temos a primeira cópia pronta aguardando sua aprovação.
O senhor baixinho, de pouco mais de 1,5 metros de altura guiou Hermione até um escritório malacabado e com uma camada de poeira indicando o pouco uso, a bruxa duvidava que fosse um lugar usado. Sobre a mesa estava um livro grosso com capa de couro tingido em um azul escuro onde letras prateadas indicavam "A escória -Uma dissertação sobre o lado B da segunda guerra bruxa por Hermione Granger".
O livro pesava muito menos do que Hermione esperava e ao abrir ela percebeu que foi devido a sábia escolha de papel pela editora que fez tudo em papel bíblia amarelado. As imagens impressas em uma qualidade que somente a bruxaria poderia permitir em um papel tão fino e todos os anexos adaptados para um tamanho menor sem perder a qualidade. O fruto de muito trabalho e noites mal dormidas.
-Eu li o livro… -O senhor falou. -Fiquei muito chocado com tudo que escreveu, com tudo que reuniu aí.
-O choque é exatamente o que eu buscava.
-Você teria muito mais visibilidade se publicasse pelo Profeta Diário, sabe disso?
-Você diz que leu o livro, acha mesmo que o Profeta deixaria eu publicá-lo assim? Exatamente como está?
O homem negou resignado percebendo que ela tinha razão.
-Está perfeito. Para quando você consegue mil cópias?
Uma semana. Sete dias. Apenas.
Hermione soltou um longo suspiro se despedindo do estimado senhor com sua cópia em mãos.
"É o certo a se fazer."
Ela repetiu essa frase em sua cabeça pelo menos dez vezes antes de aparatar para o átrio do ministério da magia.
Finalmente chegou o dia 21 de agosto e Kingsley aguardava ansiosamente pela jovem heroína em sua enorme sala. A entrada da bruxa já estava liberada e não demorou para que ela fizesse seu caminho até ele.
Sentando na cadeira de visita com uma postura combativa, Hermione entregou o livro ao ministro sem delongas, sem papo furado. Foram mais de uma hora e meia do homem lendo em silêncio enquanto ela não podia fazer nada além de encarar a janela encantada mostrando uma falsa paisagem de verão com árvores verdinhas e floridas.
-Hermione Granger, o que você fez? -O ministro questionou chocado.
-O que você deveria ter feito quando assumiu esse cargo, Kingsley. Eu fiz o que você deveria ter mandado seus aurores fazerem. Eu ouvi… ouvi todos eles sem condenar, eu me dispus a ver todos eles além de seus laços familiares.
-Eu não sei o que dizer.
-Eu honestamente não esperava que soubesse, você está sendo um ministro altamente incompetente. Eu sei disso, você sabe disso, todos sabem. A Inglaterra está decaindo em suas mãos. Você achou mesmo que ser ministro era só sentar em sua cadeira pomposa e prender os criminosos convictos sem fazer investigação? Você está se deixando ser governado por um supremo corrupto, está indo na onda de um novo preconceito, de um novo conceito separatista.
-Você não tem o direito de falar assim comigo!
-Não? Por quê? Por que você é o todo poderoso ministro? Acorde, Kingsley, você é 7 anos mais velho que eu, que lutei na mesma guerra, que ajudou a fazer curativos em você. Acorde. Você está reinando sobre a intolerância.
-Hermione.
-Olha, o que eu fiz está feito. O que você fez também está feito. Mas vocês falharam, tem gente perigosa solta por aí, tem gente perigosa presa com pena menor do que a de um menino que lutou pra não morrer. Acha mesmo que Narcisa Malfoy vai pagar tudo que deve em dez anos? Escravos… Kin, ela tinha escravos.
-Eu não sei o que fazer. -O ministro confessou sem forças para encarar Hermione.
-Corrija isso, condene essas pessoas, prenda os Parkinson's, oras essas crie o conceito de eleições, ou você realmente quer ficar nesse cargo pelos próximos vinte anos?
-Por Merlin, não quero. Quer pra você?
-O que?
-O cargo.
Hermione riu livre com a oferta, gargalhou na verdade. Quase como um riso desesperado, até mesmo Kingsley notou.
-Não, Kin, eu quero outra coisa que você pode me oferecer, já que perguntou.
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Begin Again
FanfictionMentalmente sobrecarregada, Hermione decide se afastar do mundo bruxo após o fim da guerra. No entanto uma velha conhecida decide que essa não é a melhor opção e se convida para encher a vida de Hermione com sentimentos, histórias e escolhas que ela...