Capítulo 19

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As aulas do dia foram tão entediantes quanto podiam, começo de semestre nunca tem nada realmente relevante. O professor de direito da família não passa de um machista e suas aulas são um desperdício, preciso entrar em contato com a secretária para trocar de professor com urgência.

Com Berta viajando com a família, eu e Alicia sobramos para enfrentar a semana sozinhas, estávamos em paz sentadas numa cafeteria no campus quando vejo Harry se aproximando com cara de poucos amigos, isso não pode ser coisa boa. Nunca. 

-Harry, o que houve? -Me levanto assim que ele chega perto o suficiente.

-Astória me mandou avisar que ela foi para o St… Hospital. 

-Ast mandou você vir falar comigo? O que você estava fazendo com ela? -Busco por resposta em sua expressão, mas só vejo ele olhando nervosamente para Alicia. -Amiga, preciso ir ver o que houve, anota a próxima aula para mim?

-Com certeza. Vou avisar Sam que você tá indo embora, ele estava procurando você. -Alicia se despede com um abraço rápido e um olhar indiscreto para Harry.

-Me leve ao hospital. 

-Levo, mas antes trouxe isso para você. -Ele me estende uma caixa de veluda fina e longa… Um porta-varinha. -Não precisa usar sempre como o resto de nós, mas acho que você deveria manter por perto.

Abro a caixinha e encontro minha antiga varinha repousando abandonada em um tecido macio, ela reage com um choque tranquilo ao meu toque ainda me reconhecendo como sua dona. Sem roupas apropriadas para o uso de varinha, a deixo na caixa e guardo na mochila.

Volto a sentir a magia correndo por minhas veias e artérias preenchendo cada micro espaço do meu corpo, uma sensação viciante e assustadora. 

-Isso foi intenso, mas sem tempo. -Falei vendo Harry me encarar. -Vamos?

-Vamos para um lugar onde possamos aparatar, mas preciso te avisar que ela está dividindo quarto com Draco Malfoy então se prepare. -Congelo meus passos com o coração apertado.

-O pacto… Harry, não me diga que ela está mal por conta do maldito pacto.

-Então você também sabe sobre isso? É possível que o ministério seja o único que não sabe? Ela não está mal, eles vão ser submetidos a uma bateria de exames e por isso deram entrada no St Mungus. 

Solto um suspiro aliviado e volto a andar até um ponto mais afastado do campus que Astória normalmente usa para poder ir me ver na faculdade. Harry comenta sobre como nosso ponto é bem melhor do que o que ele costuma usar para me ver antes de nos levar para o hospital.

A recepção do hospital estava vazia, a secretária descansava tranquila em sua cadeira com um chá fumegante à sua frente. Harry me guia até um elevador e partimos para o sexto andar, que eu não sabia que existia. Um andar inteiro para o departamento dos aurores afinal eles não poderiam depender das mesmas dependências que os meros mortais não é mesmo? 

Percebo que o andar não é necessariamente bom ao ver portas fechadas com grades e feitiços de retenção, um andar para aurores e infratores. O prédio é tão pequeno que não poderiam separar os "policiais" dos "bandidos"? Quem em juízo imperfeito teve essa brilhante ideia?

Paro diante da porta indicada por Harry e busco refletir sobre minha vida antes de entrar. Como tratar Draco Malfoy? Como falar com ele? Devo falar com ele? 

-Me dê sua varinha, preciso cadastrar você para ter acesso a essa sala. -Entrego a caixa para Harry o encarando com minha melhor cara de dúvida. -Malfoy é um presidiário, Herms, o quarto é protegido. 

-Você está mantendo Astória presa com ele também?

-Não, ela pode sair sempre que quiser, basta chamar um auror, temos vários à disposição por aqui. Aqui está sua varinha, vou te deixar aqui e voltar para o ministério. -Pego a varinha e ele me dá um abraço apertado. -Boa sorte, Hermione, se precisar de mim ou de qualquer um de nós sabe onde ir.

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