Capítulo 21

89 7 0
                                    

"Herdeira Greengrass em apuros!

Segundo fontes, Astória Greengrass deu entrada no St. Mingus vítima de uma maldição de sangue aplicada pelo notório comensal da morte Draco Malfoy, que também é noivo da vítima."

-Bando de abutres desgraçados. -Hermione xingou jogando o jornal do outro lado da sala de espera que se encontrava em companhia do "notório comensal da morte Draco Malfoy", que foi convidado a esperar pela cirurgia da noiva junto a castanha.

-Você realmente se importa com ela… 

Draco ficou chocado com a constatação que fez mais para si do que para Hermione, já tendo observado a interação das duas pode ver que tinham se tornado grandes amigas, mas ao ver a castanha quase roendo os próprios dedos e quando aguardava na sala de espera do hospital era uma coisa completamente diferente.

Hermione parecia à beira de um colapso levantando o olhar em esperança para cada medibruxo que passava por ali enquanto Malfoy, literalmente preso a um assento, podia apesar observar sem saber oferecer qualquer consolo. 

-Ela é a melhor coisa que já aconteceu em minha vida, Malfoy, ela é minha luz no fim do túnel. Túnel esse na qual eu levei dez anos percorrendo lutando contra todo tipo de monstro.

Ela estava sendo honesta e Draco podia ver isso a cada lágrima de preocupação que ela deixava escapar.

-Astória tem mesmo essa capacidade, ela é pura, dentro do possível, e foi por isso que eu e Blásio nos entregamos a Voldemort. Não seria capaz de deixar ele tocar em algo tão bom, nosso unicórnio sonserino. 

-Eu realmente quero contar a história de vocês, por que você não deixa? -Os profundos olhos castanhos encararam o mar de prata deixando o loiro desconfortável em seu assento.

-Granger… Eu duvido que alguém vai querer ler minha história. 

-Se não posso mudar essa geração, que tal a próxima? -Draco lhe encarou confuso. -Não gostaria que os colegas do seu futuro filho ou filha fosse capaz de ver você de maneira diferente de seus pais? 

-Eu não terei filhos, Granger. A única mulher que poderia me dar filhos está tendo todo seu sistema reprodutor arrancado de si nesse exato momento.

Hermione suspirou resignada diante da estupidez de seu próprio comentário, algo que ela julgaria se ouvisse de outra pessoa, mas acabou deixando escapar. 

-Venha aqui, Granger, sente-se comigo. -Sem entender muito bem o porquê, a castanha se moveu até o assento ao lado dele e permitiu que ele passasse o braço sobre seu ombro. -Vamos combinar assim, quando todo esse inferno de maldição acabar e eu tiver certeza que você não vai ser responsável pela morte da minha noiva eu ajudo você escrever o maldito livro, que tal? 

-Ela não vai morrer.

-Não, não vai. 

Passaram longos minutos sem que os dois voltassem a conversar, ou sequer se mexer. Talvez passaram horas, Hermione não saberia dizer uma vez que caiu no sono ali naquela terrível sala de espera, nos braços do noivo da sua melhor amiga. 

Não foi fácil para Draco aceitar o retorno de Hermione Granger a sua vida, o tempo que passou preso sem nem mesmo vê-la nos jornais havia curado uma parte do seu ser que ele buscou enterrar junto com sua adolescência. Se apaixonar por aquela garota metida a sabe-tudo foi sua válvula de escape, seu fio de esperança de um mundo melhor nas mãos de uma garota que salvou a vida do maior rival que tinha naquele castelo. Uma garota bem diferente da mulher que dormia abraçada em seu corpo. 

Uma mulher quebrada e colada, frágil, mas absolutamente espetacular como  uma obra com  Kintsugi, colada a ouro para lhe deixar ainda mais valorizada.  A tatuagem deixada exposta através de um decote singelo que ela usava era algo que Draco jamais imaginou ver no corpo de Hermione Granger, a deixou com uma aparência feroz e destemida, e ele não resistiu ao instinto de observar cada traço delicado que a agulha lhe trouxe. 

Já passava das quatro da tarde quando eles foram acordados por um enfermeiro.

-Senhor Malfoy. -O senhor chamou com desgosto, um claro preconceituoso. -A cirurgia acabou, a senhorita Greengrass ainda está apagada devido a anestesia, mas está se recuperando. A doutora Fitz está esperando o senhor em seu consultório.

Draco em um instinto tentou se levantar para acompanhar o enfermeiro, mas foi contido pelo feitiço que o prendia naquela exata cadeira. Hermione lhe deu um sorriso culpado e se levantou.

-Vou chamar Harry, ele deve estar de plantão. 

Draco não negou a ajuda, é mais confortável ser acompanhado pelo santo Potter que tenta se comportar e não socá-lo do que por outros aurores que tinham nojo dele. Ele teve que admitir que sentiu inveja da maestria com que Hermione puxou a varinha para conjurar um patrono corpóreo perfeito.

-Acabou a cirurgia, precisamos de alguém para liberar Draco. 

Uma lontra brilhante correu para fora da sala sumindo de vista e menos de cinco minutos depois Harry Potter adentrou o recinto completamente uniformizado. Com um contrafeitiço ele liberou Draco de seu assento e com um feitiço prendeu Draco a ele.

-Isso é realmente necessário? Eu nem quero fugir. -Draco falou inconformado ao ver uma algema translúcida ligando seu punho ao de Harry. 

-São regras, mas pelo menos esse feitiço permite que você ande até um metro longe de mim, se você ver o aperto que são as algemas trouxas agradeceria. 

Rendido, Draco se levantou e juntos os quatro seguiram para o consultório onde a doutora Fitz estava esperando por ele junto com dois médicos trouxas, seus pais. Um casal que já passava da meia idade, com traços da idades refletidos em seus rostos e cabelos brancos, mas ainda assim com postura exemplar transmitindo superioridade.

-Senhor Malfoy, tenho notícias promissoras. -A jovem medibruxa sorriu. -Conseguimos retirar todos os órgãos afetados pela maldição, pudemos observar que ela não pretendia tirar a vida de senhorita Astória, mas iria tomar seu corpo como uma doença autoimune. 

-E o que será dela agora? -Hermione perguntou, se intrometendo na conversa.

-Oitenta por cento de chances de ela ficar bem, se não desafiar o pacto novamente. -Draco sorriu aliviado enquanto Hermione suspirou. -Ela também terá que fazer reposição hormonal, não temos isso no mundo bruxo então meus pais preparam receituários para que ela possa comprar no mundo trouxa.

-Isso eu posso providenciar. -Hermione fala. 

-Ótimo, ela ficará desacordada até amanhã de manhã, então vocês dois podem ir para casa descansar, assim como eu.

Draco buscou o olhar de Harry como quem diz "vou ter que voltar para a prisão?" e o auror negou com a cabeça.

-Vou te acompanhar até o quarto dela, você pode ficar contido lá. Hermione, você vai para casa. 

Sem dar tempo para a amiga protestar, Harry se retirou levando Malfoy junto.

Begin AgainOnde histórias criam vida. Descubra agora