Begin Again

Capítulo 9

Numa terça-feira de maio daquele mesmo ano de 2000 eu fui surpreendida ao voltar para casa umas 10 horas da manhã e encontrar uma mulher em meu sofá. Uma das mulheres mais bonitas que já coloquei meus olhos, eu a reconheci apesar de drásticas mudanças em sua aparência.

-Greengrass? -Questionei para ter certeza.

-Hermione Granger, é um prazer revê-la. -A mulher se levantou, seu rosto congelado em uma expressão neutra de quem não sentia muito por estar invadindo uma propriedade privada. -Você deveria proteger seu apartamento melhor, entrei aqui com menos de três feitiços. 

-Ninguém deveria saber que estou morando aqui. -Falei sem de fato admitir que eu não possuía nenhuma proteção contra bruxos. -Como me achou?

-Eu estou te seguindo há uma semana. -Me assustei com a informação. Sempre soube que Astória Greengrass não possuía nenhum interesse pelos assuntos de sua família, a filha rebelde, a vergonha, Dafne sempre a tratou como escória, mesmo em Hogwarts, mas isso não me trazia conforto em saber que estava sendo seguida. -Estou aqui para conversar com você sobre o meu noivo… Draco Malfoy.

-Eu não tenho interesse em seu noivo, Greengrass, pode ficar tranquila. -Pendurei minha bolsa no gancho do hall, tirei meus sapatos e finalmente adentrei completamente meu próprio apartamento. 

-Isso não é completamente verdade, não é mesmo? Sétimo ano te lembra algo? -A mulher insistente me seguiu até a cozinha onde nos servi de copos de água. Ela aceitou de bom grado o que lhe ofereci entendendo isso como convite para se sentar a minha bancada. -Sim… eu sei sobre aquela noite no banheiro do terceiro andar, eu sei de muitas coisas sobre você. 

-Nada de mais aconteceu aquela noite, Greengrass, eu apenas impedi que ele se matasse, foi um ano difícil para todos nós, mas não valia nossa vida. 

-Valia a dele, Granger, ele estaria em paz, mas não… Você o deu esperança, para depois permitir que ele fosse jogado em Azkaban. Você já foi visitar Azkaban? -Ela não permitiu que eu respondesse, seguiu seu monólogo alheia a mim. -A morte é muito mais sublime que aquele inferno.

-Nós nunca estivemos do mesmo lado, eu não entendo porque eu devo me sentir culpada pelo destino que ele teve. 

-Estávamos do mesmo lado, um bando de criança que foi obrigado a lutar numa guerra de velhos ambiciosos. Dumbledore não era nenhum santo, Granger, ele usou vocês e Voldemort usou a gente. -Ela finalmente deixou uma expressão escapar por sua máscara fria, o desgosto e desprezo em forma de mulher.

-O que quer de mim? Por que está aqui?

-Ah verdade… Vim lhe entregar isso. -Ela tirou do bolso de seu longo casaco, totalmente fora da estação, um pequeno livro de Poções Avançadas. 

-Eu não pratico mais bruxaria, não preciso de um livro de poções.

-Esse é o diário que Draco escreveu durante a guerra, leia e entenda um pouco o nosso lado, Granger. 

-Por que faria isso? -Perguntei encarando o pequeno livro em minha bancada.

-Não tem motivo, faça… Ou não faça, eu realmente não me importo, Granger. Sei que está tentando recomeçar sendo uma trouxa anônima e não a garota de ouro, eu não te julgo, mas Draco amava você e eu acho que apenas queria que mais alguém pudesse ver ele como um garoto que ele foi, não como o soldado condenado que se tornou. Mudar a história de Draco para quem sabe um dia ter esperança de mudar a minha e dos amigos que eu sei que não são como os pais.

-Você vai voltar para Londres? Eu sei que fugiu antes da guerra, Dafne quase colocou o castelo abaixo procurando por você. 

-Eu preferia que o castelo realmente tivesse caído sobre ela… Minha irmã não é uma das histórias que quero contar. Ela mereceu cada mísera tortura que sofreu, enfim… História para outros dias. -Ela se levantou colocando um sorriso claramente forçado em seu rosto. -Voltei para Londres há um ano já, estou mantendo uma vida discreta. Sua lareira é ligada a rede de Flu?

-Não, não deixei nada mágico no apartamento, eu estava tendo problemas com magia acidental.

-Como anda sua recuperação?

-Estou recuperada, mas escolhi não voltar para a magia. Eu gosto dessa coisa de ser trouxa, ser anônima, a glória e o poder nunca me encantaram. 

-Bom… É uma boa ideia, se você sabe por onde começar. -Ela deu de ombros para algo que claramente se passava somente dentro da cabeça dela. 

-Posso te ajudar, se quiser saber onde começar. 

-Agradeço, mas acho que seria impossível com o sangue do sagrado 28 correndo por minhas veias. Estou indo, Granger, deixei meu endereço no diário caso queira conversar sobre isso.

-Pode aparatar daqui, se quiser. Realmente não tenho nenhuma proteção em casa.

Sem dizer mais nenhuma palavra ela aparatou deixando para trás apenas o cheiro de seu perfume caro. Encarei o pequeno livro em minhas mãos e percebi o marcador em uma das páginas, por ali que ela queria que eu começasse a ler.