Capítulo 32

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No fim de semana seguinte, por volta do meio-dia de sábado, a campainha de Hermione começou a soar incessante fazendo ela acordar assustada nos braços de Sam.

-Mas que caralho…

Ela vestiu um roupão felpudo e foi descalça mesmo para atender a porta e se deparar com Luna Lovegood sorrindo.

-Luna, o que faz aqui? -Hermione a cumprimentou com um abraço puxando a loira para dentro.

-Desculpe, não imaginei que ainda estaria dormindo, já passou do meio-dia.

-Dormi muito tarde ontem. Aceita um café?

-Prefiro chá de ervas, se tiver.

Hermione preparou um café da manhã reforçado para também servir de almoço enquanto Luna lhe atualizava sobre como estava o trabalho n'O Pasquim que ela estava tomando conta. 

-É um trabalho que pode ser interessante, mas estou achando super chato. Queria fazer algo mais divertido.

-A vida adulta não é nem um pouco divertida, mas tem seus prós.

-Bom dia. -Sam cumprimentou entrando na cozinha se sentando ao lado de Luna enquanto Hermione lhe fazia uma torrada francesa. -Herms, mamãe me mandou ir para casa ajudar ela com a mudança do meu irmão. 

-Coma primeiro, vai precisar estar forte para ajudar.

Foi um brunch rápido e quase silencioso demais para ser confortável, tirando Astória, Sam não tinha contato com nenhum outro amigo de Hermione. Ele não se sentia confortável ao redor de Draco e nem mesmo de Harry que ele não entendia o que era para cuidar da condicional de alguém. Hermione tinha amigos estranhos demais para o gosto dele, como alguém se torna amiga de um policial e de um bandido? E da noiva do bandido? Que colégio interno bizarro era esse? 

Sam não tinha respostas para suas perguntas, até porque ele evitava fazê-las para Hermione, apenas assistia calado, fingindo não perceber como eles mudam de assunto sempre que ele chega. 

Um clima bastante desconfortável, por isso ele escolheu se retirar assim que comeu, deixando a namorada com a loira que parecia estar drogada o tempo todo.

-Zabini me mandou uma carta, ele falou que você poderia querer conversar comigo. -A loira foi direto ao ponto assim que Sam saiu pela porta da frente.

-Você troca cartas com Blásio Zabini? 

-Eu passei por muita coisa no tempo que fiquei trancada no porão dos Malfoys, Hermione, ele ficou de castigo lá comigo uns dias. 

-Ele falou que você teria algumas coisas para me contar, algo sobre um Draco Malfoy que ninguém conhece.

-A primeira vez que falei com ele na minha vida foi dentro daquele porão na mansão. Eu não sei o que exatamente ele fez daquela vez, mas foi jogado junto conosco em uma noite, ele estava sangrando demais e estava mentalmente confuso, eu cuidei dos machucados dele e dei um pouco da minha marmita para ele poder comer. Draco é uma boa pessoa, ele sabe reconhecer as pessoas que o ajudam, Herms. 

"Depois de uns dias buscaram ele e então ele passou a mandar comida para nós escondido, até mesmo doce ele conseguia levar para mim. E sempre que estava na nossa hora de ser castigados, ele se oferecia para ficar comigo. Ele se tornou o comensal responsável pela minhas torturas e ele me torturava todos os dias, por mais que parecesse que ele estava fazendo algo horrível, seus feitiços chegavam em mim como se fossem tapas enquanto antes Lestrange cuidava de mim, suas torturas quase me matavam de tanta dor."

"Quando Draco precisava sair em alguma missão, ele dava um jeito de Zabini ficar responsável por mim. Até o dia que ele não disfarçou bem e Bellatrix percebeu que eu não estava sendo verdadeiramente torturada, foi nesse dia que ele conheceu o porão pela primeira vez. Ele deu sorte que Voldemort não estava, poderia muito bem ter morrido pela rebeldia."

-Eu não sei o que você vai escrever em seu livro, Hermione, mas não retrata eles como vilões, eles são só vítimas de um jeito diferente.

-Esse é exatamente o ponto do meu livro, se você souber tudo o que me contaram…

-Eu acho que, por enquanto, prefiro não saber, mas precisava ter certeza que você não os vê como vilões. Eles não são.

-Draco e eu somos quase amigos.

Hermione gastou horas para atualizar a loira sobre sua própria vida enquanto tomavam chá sentadas na varanda do apartamento, observando a vida no subúrbio londrino correr. 

Algo em Luna Lovegood arrastava Hermione para os velhos tempos e isso não era algo agradável, mas ela conseguia enfrentar, mesmo que as cenas da guerra passassem pelos olhos como flash. A dor não era mais devastadora, se tornou algo como um luto conformado. Ela e Luna não eram amigas, eram meras conhecidas com um passado traumático em comum. 

E estava tudo bem.

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