Capítulo 30

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Hermione se ajeitou na desconfortável cadeira do laboratório de Draco no presídio, finalmente arranjou tempo em sua agenda para começar a sua entrevista.O loiro mal levantava os olhos de um caldeirão que fervia um líquido azul claro vibrante quase vivo enquanto ela preparava uma pena de repetição rápida que achou mais adequada para a ocasião já que o ministério não autorizou um gravador entrando na instituição.

-Você se lembra de quando começou a ser arrastado para o caminho de Voldemort?

Draco contou com detalhes como foi sua infância, sobre a mansão mal assombrada e sobre o desprezo de seu pai por todas as criaturas mestiças, considerando elas inferiores, descreveu com detalhes que tal qual um pai ensina a falar, o dele ensinou a odiar. 

Deu detalhes exclusivos sobre seres escravos que possuíam na mansão Malfoy, como elfos domésticos e trouxas que o pai possuía por prazer. Trouxas como Marie que o pai mantinha na masmorra para lhe mostrar como era inferior e incapaz de se defender.

-Está vendo esse verme não mágico, filho? Uma aberração que nunca será capaz de escapar daqui porque é fraca. -Lucius dizia.

Lucius a violentava fisicamente e psicologicamente mostrando ao filho como seres inferiores deveriam ser tratados. Hermione foi preparada para ouvir as atrocidades, mas ainda assim a conversa já começou mais pesada do que ela esperava, engoliu o nó que se formou na sua garganta tentando não pensar em uma frágil mulher trouxa aguentando o que ela teve que aguentar por poucos minutos e quase não saiu viva para contar.

-O ódio é tudo que eu conhecia, nunca amor, nunca afeto, sempre orgulho, soberba e superioridade. Mesmo minha mãe me ensinava isso, não se iluda, não é porque ela não matou e torturou fisicamente que ela era melhor que ele. 

Narcisa Malfoy era uma mulher desgostosa com a própria vida, amou quando ainda jovem sua mãe escolheu Lucius para ser seu marido, ele era bonito e muito popular entre os sonserinos, uma verdadeira massagem em seu ego. Até mesmo Bellatrix teve inveja da sua sorte. Conforme cresceram como casal ela passou a ver a podridão do homem por dentro, ver como preferia se deitar com mulheres inferiores que se debatiam sobre ele do que com ela, que depois que teve um filho nunca mais foi tocada pelo marido. Um verdadeiro troféu na vida de um fanático. 

Cansada de ser preterida, ela também ensinou o filho a odiar seres inferiores, prometendo a si mesmo que o filho se casaria com a menina mais bonita e pura que ela encontrasse e que ele jamais poderia fazer com a menina o que Lucius fazia com ela.

-Daí o pacto sanguíneo de fidelidade. -A boca da castanha se abriu em choque com a ousadia da mulher de achar que um pacto de fidelidade garantiria uma vida melhor para Astória se Draco se tornasse o que ela e o marido estavam treinando ele para ser. 

-Alguma vez, ainda criança, você cometeu algum deslize que gerou punição?

-Oh… Minha punição nunca foi física como a de Astória, não. Minha mãe jamais deixaria meu pai derramar uma gota sequer do meu sangue puro. -Draco desviou os olhos do caldeirão para encarar Hermione. -Eu fui punido em cada férias durante Hogwarts porque ficava em segundo lugar no quadro geral, atrás de você. 

-Uma sangue ruim imunda tomou o lugar de um Malfoy, você deveria ter vergonha de si mesmo. -Sua mãe lhe dizia. 

Como retaliação ele era trancado em seu quarto do castigo, um quarto minúsculo com nada além de um colchão velho e uma portinhola por onde os elfos passavam a comida, dia após dia uma única refeição suficiente apenas para lhe deixar vivo. 

-Eu sou claustrofóbico, Granger, aquilo era o inferno. Eu, mesmo criança, não cabia em pé no quarto. Era praticamente um caixão.

-Então no quinto ano, após o retorno de Voldemort, quando as minhas notas começam a cair…

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