Capítulo 7

157 12 0
                                    

-Malfoy, levanta. -A voz de Potter ecoou como se ele estivesse gritando sob efeito de um feitiço Sonorus.

-Eu vivo todos meus dias em pesadelos constantes… Mas a sua voz consegue ser pior que todos eles, Potter.

-Também te amo, agora se levanta. Você está sendo transferido.

Me levantei de supetão apenas para sofrer uma queda de pressão que faz minha cabeça latejar. 

-Transferido? Eu tenho me comportado, não me meti em nenhum problema.

-Eu te avisei que iria destruir esse lugar, Malfoy. Você vai para uma nova instituição, vai melhorar sua saúde física e psicológica e então eu vou poder te desprezar sem peso na consciência.

Peguei meu diário, única coisa além da roupa do meu corpo que eu possuía naquele inferno e segui o maldito Potter disposto a aceitar qualquer coisa para nunca mais precisar pisar em Azkaban.

Eu senti o cheiro da nova propriedade antes mesmo de poder vê-la, o cheiro de terra, grama e flores. Como se a chave de portal nos tivesse jogado dentro de um jardim. Percebi que não foi exatamente o caso ao abrir o olho e ver uma estrada de pedras na frente de uma mansão.

Um novo presídio, muito mais bonito, mas ainda assim um presídio.

-Você não é considerado um preso perigoso, enquanto manter um bom comportamento terá vantagens.

-Uma coleira mais frouxa?

-Essa instituição seguirá os direitos humanos, Malfoy. Eu falei sério. -Ele respondeu sem humor nenhum. -Já passei por torturas e me recuso a viver do mesmo lado que torturadores.

-Isso é o mínimo, não há vantagens.

-Se você calar a boca e me deixar te guiar para dentro talvez eu te mostre a porra da vantagem.

Não pude me conter em seguir o Eleito rabugento para dentro passando por um grande salão na entrada onde alguns aurores uniformizados estavam reunidos conversando. Os primeiros corredores claramente eram dos aurores com várias salas administrativas. Somente quando passamos por uma enorme porta carregada de magia de contenção que eu senti que estava na minha nova casa, mas ainda assim tinha algumas salas que pareciam com salas de aula, mini biblioteca e até mesmo um laboratório de poção.

-Isso lhe dará acesso a biblioteca, as salas e ao laboratório. -Potter me entregou um cartão com um cordão que pendurei no pescoço em um gesto automático. -Enquanto você se comportar, pode andar com isso aí no pescoço e acessar tudo durante o horário comercial. 

A gentileza me pegou de guarda baixa e permitiu que uma lágrima escorresse pelo meu rosto tamanho alívio.

-Nunca mais voltarei para Azkaban?

-Kin vai mandar destruir fisicamente Azkaban. Nunca mais ninguém irá para Azkaban.

Me encosto na parede mais próxima encarando o laboratório a minha frente. Uma chance, uma chance, uma chance…

Uma chance.

-Vamos, vou te levar para seu novo quarto, você precisa de um banho.

-Banho… Eu não tomo banho desde… eu não lembro.

-Provavelmente seu último banho foi o que tomou antes da guerra começar. Não está mais com a aparência de garanhão, Malfoy.

O novo quarto tinha o tamanho da minha cama king size na mansão, mas já estava de ótimo tamanho. Uma cama de solteiro encostada numa parede revestida de madeira, um guarda roupa minúsculo e uma mesinha no outro canto com uns livros. Nenhum banheiro.

-Pegue umas mudas de roupa que vou te mostrar o banheiro, é coletivo.

Banheiro coletivo não é o paraíso, mas já era melhor do que fazer as necessidades pela janela da cela, como era o caso de Azkaban.

Dava para recomeçar.

E eu estava disposto a isso.

Begin AgainOnde histórias criam vida. Descubra agora