A floresta úmida clama
E sem temor contra ela caminho
Não pela sede do saber
Nem pelo desprezo do viver
Pois bem sei o que nela vive
Seres rastejantes de eras sem lei
Feras aladas dos tempos sem reis
Plantas conscientes assoviando melodias
Saboreando bestas em suas entranhas arredias
Dos tolos desavisados sem prudência
Ou as criaturas sem destino ou eloquência
Bem sei onde caminho
Bem sei onde devo pisar
Bem sei onde devo olhar
Bem sei a quem meus olhos direcionar
Bem sei que dela não posso esperar humanidade
De seu sopro me guarda a ira
De seus olhos o veneno das víboras
De seus dedos a força da injúria
E ainda assim, sigo meu caminho
Salto riachos de águas tortuosas
Grutas profundas uivando do centro da terra
Pântanos úmidos cheios de miasma mortal
Vales afundados pelos escombros imemoriais
Crivado das mais assombrosas armadilhas
Para enfim prostrar-me diante de ti
Que uiva em ressonância ao redor da fogueira
A ninfa das folhas secretas
A amante do céu estrelado
A dama das águas inquietas
A princesa das mechas discretas.
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Dadiva do céu Eterno - Poemas
PoetrySe aprofunde comigo dentro do inconsciente, na pele abrasadora dos sentimentos enquanto vislumbro o mundo, nadando nas aguas sorrateiras do amor, da quietude natural e na mitologia ancestral que mudaram a vida dos homens ao decorrer das eras.