Não sofro pelo apelo de mil
Mas pelo singelo som desta folha
Rígida e fina
Presa por uma centelha a esta grande árvore
Imensa e sufocante
Um bloco ósseo atirado contra o céu
Rasgando o ar com seus tendões
Rompendo a terra com seus arpões
Cria malevolente da natureza
Mas de maligna só em nossa mente
Medindo este broto surrado pelo tempo
Por nossas mãos oscilantes
E olhos lascivos
Só podemos imaginar
E a isso pesamos os desejos em nossa balança
Uma gangorra que só a nós pertence
Mas que nada abrange
Pois és a imponência
Que resguarda o amor de mil mães
Sua ferocidade que os mantém seguros
Longe das mandíbulas das vacas
Longe da língua de fogo que arrasa
Resguardando a pequena folha como num casulo
Protegida das mazelas do tempo
Até que a folha de seu galho parta
Voe para longe
Forte, grande e amada.
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Dadiva do céu Eterno - Poemas
PuisiSe aprofunde comigo dentro do inconsciente, na pele abrasadora dos sentimentos enquanto vislumbro o mundo, nadando nas aguas sorrateiras do amor, da quietude natural e na mitologia ancestral que mudaram a vida dos homens ao decorrer das eras.