Petalas - (Brenda)

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Sobre o vale de grama esmeralda,

As pétalas dançam ensandecidas,

Planando sem rumo em meio às nuvens de algodão,

Direcionadas pela brisa da aurora,

Aquecidas pelo reflexo dos mares de sal.

Umidas do orvalho amanhecido,

Sobre os blocos de pedra carcomidos,

Aninhadas em meio aos escombros imemoriais,

Guarnecidas em meio ao deserto árido,

A tempestade de ventos avassaladores,

Ao rugir do tempo eterno,

Ao ferir da passagem das eras.

Singrando sobre o rochedo majestoso,

Do granito poído da antiga capital,

Em meio às lamparinas fosforescentes dos salões,

Em meio aos bailes coloridos,

Da corte em procissão efêmera.

Galgando as acolhedoras ruas movimentadas,

Assombrando o silêncio com gritos,

Uivando contra o céu músicas de gratidão.

Antes mesmo da pequena flor crescer,

Antes que seu botão rompa o rochedo,

Antes que suas pétalas sobre tudo, planem,

Antes que contra a luz da lua vibrem.

O reino dos homens cinzas se tornou,

Os escombros areia transformou,

Dos céus só o cinza os deixou,

Dando lugar ao azul anil.

O enredo de eras findado,

Do eterno vigilante dos jardins de outrora,

De olhar amável em gratidão à flora,

Aguardando seu romper cingelo.

O erguer de seu caule,

O verdejar de suas folhas,

O desabrochar de seus botões,

Do singelo ciclo eterno de sua beleza.

A oportunidade de com ela ter um elo,

Tomar o toque de sua cor pura,

Da força inquebrantável de sua ternura,

Da escolha retida de absorver,

As mazelas do mundo,

Para enfim florescer.

Dadiva do céu Eterno - PoemasOnde histórias criam vida. Descubra agora