Não saberia dizer se um dia desgrenhou
Sua pelagem de azeite de oliva
Flutuando sobre seus músculos exuberantes
Pulsando vida como um lago fervente
Tornando-se o lembrete através de seus olhos
Orbes graciosa feito cristais de vidro
Crina pomposa esvoaçada
Oscilando em harmonia e graça
Enquanto corre pela coxilha arqueada
Imponente feito uma estátua de mármore
Eloquente como o doce canto das garças
Cortando o ar como faca afiada
Ergonômica, mortal, desenfreada
Permaneço atônito vendo seu balanço
O ritmo poético do som de seus cascos
Desprendido das mazelas do mundo
Atordoado pelas belezas soturnas
Enquanto cuido de seu sono desperto
Aprendo a amar a luz com que flerto
A despretensiosa natureza ao meu redor
Esquecida pelas idas e vindas
Diluída em vida e doutrina
Como o vento que bate em meu rosto
Aliviando meu esforço
Girando os moinhos em esboço
As pás incisivas de engrenagens insalubres
Caminhos que trilhei
E aqueles que não tomei
Para enfim sentar neste banco
Ver o sol descer no horizonte
Diluir-se atrás dos montes
Acariciar minha alma cansada
Sorrir para a graça velada.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Dadiva do céu Eterno - Poemas
PoesiaSe aprofunde comigo dentro do inconsciente, na pele abrasadora dos sentimentos enquanto vislumbro o mundo, nadando nas aguas sorrateiras do amor, da quietude natural e na mitologia ancestral que mudaram a vida dos homens ao decorrer das eras.