Sobre os montes escarpados
Alem do vale inundado
Guardando o junco esfacelado
Salpicado de amorfas rãs coloridas
Coaxando contra a lua pincelada
Além dos quadros de pintura natural
Dos bosques rupestres de pinos espetados
Do prado preenchido de verde manchado
Dos lagos inquietos de águas cinzeladas
Dos campos secos de trigo dourado
Dos vales úmidos enlameados
Se ergue o grande rochedo cinzento
Solvendo o calor em sua face prateada
Vertical aos traços da vida normal
Alheio aos rubores enevoados
Aos feixes de luz dos picos nevados
Da brisa cálida do nascer do sol
O frio incide dentro das câmaras de pedra
Dos túneis subterrâneos erguendo-se em espiral
Em cem mil degraus de mármore
Reluzindo contra o teto fosforescente
Ouvindo um único som estridente
O cinzel puído martelado na rocha
Elevado por mãos ávidas calejadas
Do guardião secreto das fissuras caladas
De mechas brancas esvoaçadas
Vibrando ao som do aço
Enquanto cinzela na imensa galeira
Cem mil textos do tempo de outrora
Das guerras travadas e paz alcançadas
Da queda de reis e a ascensão camponês
Da oratória silente aos traços permanentes
Da roda de carvalho ao aro de aço
Das caminhadas descalças ao voo no espaço
Triunfante celebra o silêncio
Galgando os degraus abaulados
Pleno, sereno e cansado
Enfermo de dúvida, mas
Repleto de fé
Pois és o guardião do tempo
O professor dos desprovidos
Das pequenas pupas
Que voaram pelas frestas rochosas
Em direção à luz da aurora.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Dadiva do céu Eterno - Poemas
PoesiaSe aprofunde comigo dentro do inconsciente, na pele abrasadora dos sentimentos enquanto vislumbro o mundo, nadando nas aguas sorrateiras do amor, da quietude natural e na mitologia ancestral que mudaram a vida dos homens ao decorrer das eras.