Era o assobio que nos chamava
O arrasto longo de suas mechas líquidas
O crepitar incessante de seu coro
Trombetas de eco tocadas sobre o mar
Em meio a uma tempestade de piados
Trovões de olhos esbugalhados
Em corpos empenados de garras
Aplumados em membros raquíticos
Murmúrio de sombras esfaceladas
Um solver de formas, sons e cores
A sopa fervente de loucura
Acolhida por um piar
De emanações de um futuro longínquo
Um passado brando
Um presente afortunado
A invenção do amor em tempo atômico
Vibrando numa frequência mista
Ainda que tão clara quanto a água de um poço
Escavado no coração de um formigueiro
Distoando feito o coaxar de mil rãs
Ainda sinto-te claramente
Sírius, sobrepujando o mar de areia
Os grãos infinitos de plasma cósmico
Ainda sim, Sírius
Ardente, inconfundível, singular
Arrastando minha carcaça até a fonte
Ao pé de suas colunas de granito
O consultório mítico e lunar
Até a pele de seus dedos
Aos anéis das 7 virtudes
Vibrando em sua mão de mercúrio
Pois só ela posso tocar com meus lábios
E nada mais.
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Dadiva do céu Eterno - Poemas
PoesiaSe aprofunde comigo dentro do inconsciente, na pele abrasadora dos sentimentos enquanto vislumbro o mundo, nadando nas aguas sorrateiras do amor, da quietude natural e na mitologia ancestral que mudaram a vida dos homens ao decorrer das eras.