Corrija-me se estiver errado, pequeno broto.
Pois sou um jardineiro de pouca experiência.
Não lavro o solo com minha enxada,
Pois é forte o medo de romper suas raízes.
Sangrá-lo sem necessidade.
Não podo seus galhos, receoso por cortar em demasia.
Tirar de ti folhas fulgides, que sugam a luz do dia.
Nutrem seu belo tronco com energia,
Tão escassa nos dias de inverno.
Não lanço a seus pés adubo nem cal,
Pois temo entorpecer seus sentidos.
Endurecer sua casca e mudar sua cor.
Tornar sua armadura um réptil manto.
Tornei-me um tolo ou um pai protetor?
Ora pois, tornará a me odiar?
Ou crescerá forte, sentindo a amargura do pouco
E a alegria da fartura em seus dias de muito?
Da parte de ti nada sei, pois és mudo,
A não ser a cantoria que seus brotos assobiam.
As folhas e flores, o néctar e bolores.
Até seu fruto surgir, ávido pela água,
Ávido por tudo que te é essência.
Darás a ele parte de si.
Até que seu perfume inunde o bosque insonso.
Torne maduro e colorido, fresco e assertivo.
E finalmente eu possa aos céus dissertar,
Pois seu fruto, o meu diploma, vá se tornar.
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Dadiva do céu Eterno - Poemas
PoesíaSe aprofunde comigo dentro do inconsciente, na pele abrasadora dos sentimentos enquanto vislumbro o mundo, nadando nas aguas sorrateiras do amor, da quietude natural e na mitologia ancestral que mudaram a vida dos homens ao decorrer das eras.