Não sinto receio do caminho à frente
Nem medo desta imensidão infinita
Somente prazer pela leveza deste vento
Ansia por seguir, por experimentar.
Deixei este fardo me pesar por tempo demais,
As âncoras me arrastarem para as profundezas,
Tragando meu espírito para a escuridão.
Até que me tornasse uma engrenagem,
Girando sem parar, sem conhecer o motor,
Esmaecida em meio a uma poça de egoísmo,
Nuvem tóxica de dúvida e acusação.
Apenas uma peça entre muitas sobrepostas,
Até que o atrito me desprendeu,
Levou um pedaço de mim,
Mas em consequência me libertou.
Transformou-me num pária,
Mas quem aprecia ser uma gota
Se pode tornar-se névoa?
À espreita dentro de meu barco,
Sinto o privilégio da liberdade,
Cortando as águas cristalinas,
Espelho prateado translúcido.
Sentindo o retumbar do vento,
O vibrar do casco,
Enquanto as garças piam,
Os cardeais tecem seu coro,
As nuvens se contorcem,
Chocam-se feito martelo contra aço,
Moldando-se em manchas negras.
Corvos irados, lançando seu grito,
Agonia em forma de clarões elétricos.
Enquanto o mar se agita, resmunga,
Mas nada sinto
Além de alívio,
Pois és uma turbulência palpável.
Eu, o mar e meu barco.
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Dadiva do céu Eterno - Poemas
PoesíaSe aprofunde comigo dentro do inconsciente, na pele abrasadora dos sentimentos enquanto vislumbro o mundo, nadando nas aguas sorrateiras do amor, da quietude natural e na mitologia ancestral que mudaram a vida dos homens ao decorrer das eras.