Vespa da meia-noite

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Dama dos dedos pálidos, de olhos de bronze,

Anseio dos bosques informes, alento dos homens disformes,

Dance para a noite, revirando as folhas douradas,

Pois sem ti a lua é cega, o Sol uma bolha de ar opaca.

O vento se contorce em agonia esquálida,

Sabendo da porção angelical de massa que o guia,

Seguido da porção ignóbil da terra acima,

As águas cristalinas do lago de prata obscurecem.

Sentindo o pesar de tua falta, abraçando a demência corrosiva,

Desfazendo-se em pó, sem se dar ao luxo do frio,

Sem perceber a falta que lhe conferes,

Esquecendo-se do cintilar de teus dedos cortando os átomos.

Inundando a obscuridade ao som de teu contato,

Convertendo a luz na mais pura magia branca,

Pois teus olhos são ímãs da verdade, da timidez, da sinceridade,

Por eles anseio passar, me destruir em partículas,

Me quebrar em fragmentos, para só então atravessar,

Os portais escarlates de tuas veias,

Alcançando o pulsar ofuscante de teus lábios,

O singrar fatal de teu sorriso, caindo do céu para a terra feito meteoro.

Aguardando impaciente o toque frio da morte,

Reduzido a pedaços de pensamentos flutuantes,

Ignóbeis, estranhos à natureza mortal,

Digno ao final de tua companhia lírica,

Da forma final de teu encanto translúcido,

Incolor, transparente, impenetrável, incongruente, louco, lascivo,

Irrisório, alienígena, fantástico, mas acima de tudo...

Belo...

Dadiva do céu Eterno - PoemasOnde histórias criam vida. Descubra agora