O poço e o lagarto - (Ah va..)

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Acorde, pequeno lagarto

O som do dia range pelas paredes de pedra

Pelos blocos intrínsecos de granito

Amontoados em espiral metodica

Subindo ao topo da torre de barro

A água abaixo de sua cauda oscila

Cristalina, doce, irresistível

Abaixo da lamina espelhada

Os mais formosos peixes se aplainam

Descendo contra as paredes calcárias

Fosforescendo de vida

Borbulhando em âxtase

Solvendo do sopro das profundezas

Das bolhas de éter subindo sem alarde

Seus pés ásperos se grudam contra a pedra

Seus olhos roçam as fissuras sutis

A calma lhe toma a vontade

O sopro do vento morno lhe toma a iniciativa

O som da comida se esgueirando na água

Toma-lhe a fome

Nada há além do fim do espiral de granito

Além de luz, além de som

Nada que valha o movimento de suas patas

Pois belo é seu jardim imerso

O mais puro fragmento de graça

Ainda assim, seu corpo efervesce

Subindo os sulcos entalhados

Singrando contra seu lar florido

Pois és o brilho que lhe toma o sono

O limiar das sombras, ondulando impertinente

Roubando seu travesseiro macio

O lençol que encobre seu portal de sonhos

Haverá sofrimento, conclui

Caminhos sem volta, compreende

Inimigos sorrateiros, concebe

Suor e lágrimas, consuma

Mas o que é o passar das eras

Se não erros, repetidos tantas vezes

Que se tornam novos acertos

Até diluir-se em felicidade

O mais puro deleite

Ao fim da escalada

Até o topo do profundo poço

Para sentir a doce brisa.

Dadiva do céu Eterno - PoemasOnde histórias criam vida. Descubra agora