Pincel, capela e baus - (Renata)

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Entre o parreiral à utopia

A garota pincela uma flor de pitangueira

Na parede da capela de amieira

O baú estrangeiro de trancas e fechaduras

Onde o granito cinzelado reluz

Ocultando sua silhueta esguia

Desvanecendo contra as cores do arco-íris

Nada resistindo a seus dedos ligeiros

Compondo cantigas a cada movimento

Montando tropega seu formoso monumento

Uma torre de retratos calados

De tempos e cantigas mal cantadas

De corridas e tropeços exacerbados

De amores e rubores

De amizades incolores, de dissabores

Mas de trancos empolgantes

De histórias bem contadas e vias pavimentadas

De afagos gentis e sorrisos pouco febris

Monótonos, um pouco desgastados

Mas reconfortantes, bem alimentados

A estrada batida de pedras afiadas

Singradas por rodas reforçadas

Carregando o peso de mil e uma noites

E um único dia de sol escaldante

Reluzindo atordoado contra o céu claro

Pois a mão está sempre compondo

Seja nas trevas ou na luz

Ela sempre conduz.

Dadiva do céu Eterno - PoemasOnde histórias criam vida. Descubra agora