Entre o parreiral à utopia
A garota pincela uma flor de pitangueira
Na parede da capela de amieira
O baú estrangeiro de trancas e fechaduras
Onde o granito cinzelado reluz
Ocultando sua silhueta esguia
Desvanecendo contra as cores do arco-íris
Nada resistindo a seus dedos ligeiros
Compondo cantigas a cada movimento
Montando tropega seu formoso monumento
Uma torre de retratos calados
De tempos e cantigas mal cantadas
De corridas e tropeços exacerbados
De amores e rubores
De amizades incolores, de dissabores
Mas de trancos empolgantes
De histórias bem contadas e vias pavimentadas
De afagos gentis e sorrisos pouco febris
Monótonos, um pouco desgastados
Mas reconfortantes, bem alimentados
A estrada batida de pedras afiadas
Singradas por rodas reforçadas
Carregando o peso de mil e uma noites
E um único dia de sol escaldante
Reluzindo atordoado contra o céu claro
Pois a mão está sempre compondo
Seja nas trevas ou na luz
Ela sempre conduz.
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Dadiva do céu Eterno - Poemas
PoesíaSe aprofunde comigo dentro do inconsciente, na pele abrasadora dos sentimentos enquanto vislumbro o mundo, nadando nas aguas sorrateiras do amor, da quietude natural e na mitologia ancestral que mudaram a vida dos homens ao decorrer das eras.