Duas formas interpelavam,
Abraçando-se em gestos sutis,
O articular adimiravel de uma mãe gentil,
E o replicar louvavel da filha ansiosa,
Aguardando inquietas a chuva torrencial,
O amadurecer do céu de anil,
Tornado no negro o regozijar de sombras,
No martelar de raios estrondosos,
Falavam acerca da calmaria,
Das formas de algodão diluvianas,
Vibrando no céu em cacofonia,
Sem nenhuma brisa a mover as folhas,
Nenhum som a estalar das árvores,
Um silêncio claustrofóbico, inerte,
Ainda assim sorriam em seu aposento,
Pois não temiam o fim do dia,
Ainda que a torrente fosse desoladora,
O próprio silêncio lhes era conforto,
Enquanto os segundos findavam em uníssono,
O chá erguia seu tenro aroma,
Impulsionado pelos vapores adocicados,
A calmaria lhes era bem-vinda,
Pois no alto de sua torre isolada,
Aguardavam o aquibrantar invernal,
Com tamanho anseio incontrolável,
Fazendo-as subir as escadas puídas,
Tomar as dores do silêncio,
E quebrar sua inércia arredia,
Vislumbrar o vale do topo,
Aguardar as muralhas de água,
Tomando a coxilha para si,
Envolvendo os corações calorosos,
Na mais pura brisa frígida,
No mais cálido abraço maternal,
A fim de reerguer o empenho das flores,
Retomar à grama seus valores,
Estimular da terra seus odores,
Tragando o vale ao mais puro breu,
Molhando as mechas deslumbrantes,
Das duas formas perseverantes,
Tomando a água sobre as faces inocuas,
Apreciando seu abraço gentil,
A companhia da natureza insensível,
Lutando contra as formas de vida,
Fulminando árvores em brasa fervente,
Inundando lagos e nascentes,
Deixando os escombros para trás,
E ainda sim compassiva,
Tenra e disruptora,
Bela e acolhedora.
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Dadiva do céu Eterno - Poemas
PuisiSe aprofunde comigo dentro do inconsciente, na pele abrasadora dos sentimentos enquanto vislumbro o mundo, nadando nas aguas sorrateiras do amor, da quietude natural e na mitologia ancestral que mudaram a vida dos homens ao decorrer das eras.