Temo estar martelando há tempo demais
Perdido nessa imensidão de sombras
Chocando-se contra o imenso paredão rochoso
Faiscando com ousadia virulenta
Enquanto me empertigo e me alinho
Para soltar novamente a picareta contra a rocha
Adentrando ainda mais fundo
Sentindo o frio derradeiro, morto
Nas profundezas oceânicas de rocha e musgo
Até arrebentar a última camada desse granito
A casca protetora de minha insegurança
Puxando-me para baixo feito a gravidade
Mas insalubre e odiosa, pois minha mente pesa
Até finalmente sair a luz das estrelas
Até o pátio gramado, rodeado de árvores frondosas
Tímidas aflorações de madeira e folhas
Tão esquecíveis aos transeuntes
O cenário de fundo para a melodia
Que entoo de meus lábios calejados
O som que hoje preenche meu coração
Que aquece minha alma gelada
Que energiza meus sonhos descarregados pelo tempo
Pois foi aqui que tomei seu sorriso para si
Seus dedos se entrelaçaram aos meus
Nesta praça tímida de árvores cinzeladas
De raízes profundas e troncos quebradiços
Cercados pela grama rala e as lâmpadas suspensas
Pulsando contra a escuridão
Testemunhas de nosso encontro.
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Dadiva do céu Eterno - Poemas
PoesiaSe aprofunde comigo dentro do inconsciente, na pele abrasadora dos sentimentos enquanto vislumbro o mundo, nadando nas aguas sorrateiras do amor, da quietude natural e na mitologia ancestral que mudaram a vida dos homens ao decorrer das eras.