Areia aos dedos - (Juliana)

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No deserto à beira-mar

Me pus a caminhar

Solvar os dedos na areia branca

Cozer o rosto no sol que levanta

Que traz o frescor e leva a carranca

As ondas do mar se assomam penosas

Engolindo a espuma, solvendo a doçura

Meus passos lentos galgando a penumbra

O dourado da luz crivando meu rosto

O opaco das pedras refletindo o esboço

Do amargo cansaço, do tênue embaraço

O sol se reprime, o mar se esconde

É uma avenida de sombras

Uma névoa de timbres

Um céu de horrores

Um mar de sabores

Temo meus passos

Temo o fracasso

Alvejada por estilhaços

Para enfim sentir o laço

A mão doce sem embaraço

Minha doce criança

O farol no mar da desesperança

Tragando minha alma ao alcance da luz

Ao caminho secreto que na praia reluz

Não como ouro ou a prata induz

Mas singelo e sutil

Feito as águas prateadas

Do lago na madrugada

Espelhando os céus na superfície laminada

Derretendo a escuridão insalubre

Em notas de luz,

Jamais lúgubres.

Dadiva do céu Eterno - PoemasOnde histórias criam vida. Descubra agora