Apalpou-me o veneno da noite
O amargor sem fim da cegueira
Erguendo meus pés pelas vielas de cal
Avante por escadarias de sal
Por cima de telhados de folhas sobrepostas
Acariciado por espinhos em minhas costas
Açoitado pelo laço que me une
Pelo sonho que urge
Pela indelével ansia por luz
Por sobre este vale rúbro em cruz
Ferido pelas pedras em minha sola
Até que um caminho vermelho se delimite
Traço de minha angústia desamparada
Das lágrimas que há muito vem caladas
Ansiando por essa luz morna que cai
Ondula pelo campo de trigo vigoroso
Pois não era esse meu destino?
Jamais!
Mas o que há de ter além dos campos?
Mais trigo ou mais joio?
Pois aqui permaneço,
Sem temor algum, enrubesço
Pois é minha hora de parar
E meu coração acalmar.
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Dadiva do céu Eterno - Poemas
PoesíaSe aprofunde comigo dentro do inconsciente, na pele abrasadora dos sentimentos enquanto vislumbro o mundo, nadando nas aguas sorrateiras do amor, da quietude natural e na mitologia ancestral que mudaram a vida dos homens ao decorrer das eras.