Borboleta da Penumbra - (Tempestade)

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Dançando numa plataforma de galhos

Saltando sobre gotículas de orvalho

Sobre uma tábua de figueira oleosa

Abaixo de um teto de folhas de lixas

Imerso da cabeça aos pés de vinhas

Imóvel feito uma estátua de pedra

Somente os olhos acompanhando seus gestos

O gesticular vibrante de suas asas

Do tremular do vento em cada movimento

Feitos as ondas invisíveis do crepitar da fogueira

Do erguer de estalos e faíscas escapando para o espaço

Formando linhas fosforescentes contra a escuridão

Um caminho tortuoso em meio aos obstáculos

Ainda que para ti nada são além de formas inócuas

Pilares de granito sem vida

Recolhendo-se até o âmago

Dando passagem para seu voo

Enquanto recitam calados perguntas confusas

Porquê? Como? De onde vem?

Somente o silêncio como resposta...

E o bater de suas asas

Buscando, vasculhando, reparando

Minuciosa, de uma calma descomunal

Ainda que devesse correr, aproveitando de cada segundo

Em busca do que não quer, mas do que precisa

Como a mim, parado na penumbra

Ansiando por ti dar meia volta

Ressoando o cântico tormentoso de suas asas, 

Por sobre meu rosto cansado.

Dadiva do céu Eterno - PoemasOnde histórias criam vida. Descubra agora