Lembro-me do dia em que suas mãos sobre a terra tocaram
Amontoando sobre si terra quão fina
Um manto de seiva etérea do solo poroso
Ainda que os céus estivessem encobertos
Ainda que a chuva mal chegasse à sua cama
Sobre ela se ergueu, cansada, arrastando-se
De cabeça erguida aos céus encobertos
De folhas, de galhos, de nuvens, de sombras e fagulhas
Lutando uma batalha qualquer,
Mas uma guerra como nenhuma outra
O confronto contra a própria gravidade
Te arrastando para baixo quando tudo que quer é subir
Alcançar a tão efervescente brisa diurna
Sentir os raios mornos tocar a face
Sonhando com o dia que poderá abrir suas folhas
Sem que nenhuma sombra te limite
Para além desse bosque úmido
Da torre claustrofóbica de desilusões
Dos vizinhos tornados irmãos
Dos irmãos tomados inimigos
Dos inimigos tomados degraus
Até que seus ramos finalmente toquem o céu azul
Sintam a vibração angelical da libertação
Para enfim se dar conta
Quão dolorosa tem sido sua luta
Quão amargos têm sido seus dias
E quão doce é sua bonança.
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Dadiva do céu Eterno - Poemas
PuisiSe aprofunde comigo dentro do inconsciente, na pele abrasadora dos sentimentos enquanto vislumbro o mundo, nadando nas aguas sorrateiras do amor, da quietude natural e na mitologia ancestral que mudaram a vida dos homens ao decorrer das eras.