Broto Singelo (Miriam)

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Lembro-me do dia em que suas mãos sobre a terra tocaram

Amontoando sobre si terra quão fina

Um manto de seiva etérea do solo poroso

Ainda que os céus estivessem encobertos

Ainda que a chuva mal chegasse à sua cama

Sobre ela se ergueu, cansada, arrastando-se

De cabeça erguida aos céus encobertos

De folhas, de galhos, de nuvens, de sombras e fagulhas

Lutando uma batalha qualquer,

Mas uma guerra como nenhuma outra

O confronto contra a própria gravidade

Te arrastando para baixo quando tudo que quer é subir

Alcançar a tão efervescente brisa diurna

Sentir os raios mornos tocar a face

Sonhando com o dia que poderá abrir suas folhas

Sem que nenhuma sombra te limite

Para além desse bosque úmido

Da torre claustrofóbica de desilusões

Dos vizinhos tornados irmãos

Dos irmãos tomados inimigos

Dos inimigos tomados degraus

Até que seus ramos finalmente toquem o céu azul

Sintam a vibração angelical da libertação

Para enfim se dar conta

Quão dolorosa tem sido sua luta

Quão amargos têm sido seus dias

E quão doce é sua bonança.

Dadiva do céu Eterno - PoemasOnde histórias criam vida. Descubra agora